O ex-presidente Barack Obama saiu em socorro ao Partido Democrata na sexta-feira (28), menos de duas semanas antes das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos.
Enquanto o atual ocupante da Casa Branca, o democrata Joe Biden, tem sido discreto, Obama (2009-2017) aparece por toda parte presencialmente e nos vídeos de campanha de seu partido.
Na sexta-feira, os dois líderes falaram ao mesmo tempo, em dois cantos diferentes do país, neste caso dois estados-chave para a campanha do partido democrata: Biden na Pensilvânia (nordeste) e Obama na Geórgia (sul).
Ambos defenderam a mesma ideia em seus discursos: a de salvar a democracia americana freando os republicanos, partido do ex-presidente Donald Trump (2017-2021).
Notável retorno
“Se eles vencerem, não sabemos o que pode acontecer”, disse Obama sobre os conservadores, saboreando visivelmente o entusiasmo da multidão em Atlanta.
“Eu quero que vocês saiam do sofá e vão votar! Larguem seus telefones, deixem o TikTok em paz, vão votar!”
O ex-presidente havia se afastado da arena política para se dedicar a atividades como a produção de documentários, publicações e filantropia, entre outras.
No entanto, está protagonizando um notável retorno e realizando uma série de comícios: depois da Geórgia, estará no Michigan e Wisconsin neste sábado, Nevada na terça e depois na Pensilvânia.
As pesquisas preveem, por enquanto, que o Partido Democrata manterá um controle precário do Senado, mas perderá o da Câmara dos Representantes para a oposição republicana.
A recente alta nas pesquisas dos candidatos da direita conservadora, incluindo os mais fervorosos apoiadores de Trump, no entanto, faz a Casa Branca temer perdas maiores do que o esperado na Câmara. E até mesmo uma derrota no Senado, que colocaria ambas as Câmaras sob controle republicano.
Bolha democrata
Obama tem motivos para ficar em alerta: seu partido sofreu uma pesada derrota nas eleições legislativas de 2010, na metade de seu primeiro mandato.
“Há um perigo inerente ao fato de estar na Casa Branca e na bolha” do poder, disse ele sobre as eleições que tendem a ser desfavoráveis ao partido no poder.
Biden, que costuma ser apresentado como um presidente próximo à “classe média”, parece desde o início da campanha estar preso nessa “bolha”.
Embora viaje regularmente para arrecadar fundos para os democratas, o pouco popular presidente de 79 anos não se aventurou a fazer campanha em estados como o Arizona.
Obama até recentemente mostrou alguma preocupação com a direção tomada pelos líderes democratas, em uma entrevista em outubro.
Demonstrou preocupação ao vê-los mergulhar em polêmicas abstratas, sob o risco de parecerem desconectados das preocupações cotidianas dos americanos. E também pelas estratégias eleitorais adotadas pelos republicanos, que repetem as mesmas mensagens contra a insegurança e a inflação.
“Ser um pouco mais concreto e mais objetivo, acho que ajudaria muito a combater a propaganda que está sendo divulgada continuamente pela Fox News”, a rede favorita da extrema-direita, disse Obama.