No Brasil existem 96 mil profissionais que atuam na atividade de Relações Governamentais. São Paulo é o estado com maior número de profissionais.
Compreender o universo de Relações Governamentais ainda é um desafio no Brasil. Um dos esforços mais importantes nesse processo é o de dimensionar o universo sobre o qual estamos tratando. Muito se conjectura, mas ainda são poucas as reflexões baseadas em evidências, principalmente pela escassez de dados que nos levem a um maior entendimento e um debate mais qualificado conforme publicou o site Congresso em Foco .
Em tempos de discussão de governo participativo, relações colaborativas e transparentes para discussão de políticas públicas e regulamentação do lobby, é muito importante entendermos todos os elementos envolvidos nessa relação. O profissional de Relações Governamentais, ou lobista, como é coloquialmente chamado, é corriqueiramente taxado de uma pecha da qual não é merecedor.
Os números são conservadores pois deixam de considerar profissionais unicamente de empresas, ONGs, consultorias e organismos internacionais. Mapeamos apenas os profissionais ligados a associações de classe e entidades do sistema sindical, pois são as organizações para as quais existem, hoje, dados consistentes.
Resultados
O resultado obtido por meio da média de quantidades de pessoas atuando com Relações Governamentais por porte a nível Brasil, foi o seguinte:
Uma observação curiosa e que merece registro é que, por meio de pesquisa realizada na base de dados do Linkedin, rede social profissional, foram encontrados 8.056 profissionais que se auto declaram profissional de Relações Governamentais, seja com este nome ou com variações de nomenclatura que se encaixam no conceito, conforme falamos acima.
Outro resultado interessante é o da quantidade de profissionais por unidade federativa. São Paulo é o estado com maior número de profissionais, ~2,5 vezes mais que o segundo colocado, Minas Gerais. O DF aparece em 8º na lista.
O resultado geral obtido foi o seguinte:
Em seguida verificamos onde estão distribuídos os profissionais de Relações Governamentais, o percentual por unidade federativa. São Paulo tem quase um terço de todos os profissionais de Relações Governamentais do país. Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Rondônia, Amazonas, Sergipe, Piauí, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima possuem, cada, menos de 1% do total.
Por último, nessa primeira fase da pesquisa, identificamos onde estão concentrados os lobistas, a concentração de profissionais por unidade federativa. Santa Catarina, Distrito Federal e São Paulo lideram a lista, nessa ordem. Em Santa Catarina e no DF para cada 10 mil habitantes há cerca de 10 profissionais de Relações Governamentais.
Os resultados surpreendem ao mesmo tempo em que trazem outras reflexões e questionamentos. O universo de entidades sindicais está em atual mutação por conta do fim da contribuição sindical. Isso certamente trará reflexos no futuro próximo em decorrência do resultado da reação das entidades: algumas se fundirão, outras se aglutinarão, outras irão desaparecer. Em poucos anos teremos uma fotografia diferente.
A crescente oferta de novas vagas e o constante aumento da profissionalização desses agentes são ainda indicativos do crescimento do mercado de RelGov, o que também trará uma nova realidade em poucos anos.
Esses dados, e as respectivas bases, ainda serão considerados para as outras fases da pesquisa, que serão publicadas ainda esse ano.
*Mauricio Oliveira Medeiros: Formado em Ciências Econômicas e Pós Graduado em Gestão Tributária (Uninove e FECAP)
1. HONAKER, James. KING, GarY. What to Do about Missing Values in Time-Series Cross-Section Data. American Journal of Political Science. Vol. 54, No. 2, Abril de 2010, pp. 561-581.
2. SENADO FEDERAL. Painel ILB – Legislativo, Democracia e Relações Governamentais. 12 de fevereiro de 2016. Disponível em https://www.youtube.com/watch?
3. GALVÃO, Eduardo Ribeiro. Fundamentos de Relações Governamentais. Brasília: Clube de autores, 2016.
4. MANCUSO, Wagner Pralon. GOZETTO, Andréa Cristina Oliveira. Lobby e políticas públicas. São Paulo: Editora FGV, 2018.
Por Eduardo Galvão