Em quarto lugar em pesquisas de intenção de voto para a Presidência, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) negou em entrevista ao jornal Valor, sobre a possibilidade de compor uma chapa como vice, reiterou sua pré-candidatura e mudou a estratégia para tentar reverter a desvantagem eleitoral. Ciro passou a direcionar suas críticas ao ex-juiz e pré-candidato Sergio Moro (Podemos), que o tirou do terceiro lugar nas sondagens.
Questionado se poderia desistir de disputar a Presidência em entrevista à BandNews, Ciro negou. “Sinto obrigação de ser candidato porque sou o único contra esse sistema”, disse, na entrevista. “Sou candidato em cima de pau e de lata e o sistema vai ter que me engolir”, reforçou.
Segundo pesquisa da consultoria Atlas divulgada na terça-feira, Lula lidera a disputa com 42,8% das intenções de voto, ante 31,5% de Bolsonaro. Moro tem 13,7% e Ciro, 6,1%. Doria registra apenas 1,7%. O levantamento tem margem de erro informada de um ponto percentual.
O pré-candidato do PDT destacou a ligação do ex-juiz Moro com o presidente Jair Bolsonaro, lembrou da atuação do adversário como ministro da Justiça no atual governo e disse ser o único nome com viabilidade para ser a terceira via entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro, no entanto, não deixou de criticar o presidente e o petista na entrevista.
“Sergio Moro é um ex-juiz politiqueiro, que botou Lula na cadeia e depois foi ser ministro do outro [Bolsonaro], que se elegeu porque tirou os direitos políticos do outro [Lula]. Virou ministro porque passou a mão, acobertou a ladroeira de Bolsonaro, da família do Bolsonaro, deixou o Coaf ser desmoralizado para proteger Bolsonaro”, afirmou ontem, durante a entrevista. “Enfim, uma viúva do Bolsonaro.”
Ciro questionou ainda os conhecimentos do ex-juiz e ex-ministro sobre o país e sobre gestão. “ O que Moro conhece da economia do Brasil, de emprego, salário, da Amazônia?”, disse, na entrevista.
O pré-candidato criticou também o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), postulante à Presidência, pelo vínculo que o tucano teve com Bolsonaro na eleição de 2018, quando pregou o voto “BolsoDoria”, e no início da atual gestão federal.
Com os ataques a outros nomes que se apresentam como alternativa a Lula e a Bolsonaro, Ciro indicou as dificuldades que o centro e a centro-direita terão para se unir em 2022. Um único nome da terceira via, sinalizou Ciro, está longe de se concretizar. O postulante disse que os pré-candidatos que já se apresentaram “são profundamente diferentes”. “Eu não tenho nada a ver com essas viúvas do Bolsonaro.”
Ciro afirmou ainda ser o único que não é “nem Bolsonaro, nem Lula”. “Vamos ver se o povo me identifica.”