O delegado Rivaldo Barbosa orientou os assassinos de Marielle Franco para que o crime não fosse executado na saída da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, segundo a delação premiada de Ronnie Lessa, incluída no relatório da Polícia Federal (PF).
De acordo com Lessa, Rivaldo — que era diretor da Divisão de Homicídios e depois foi alçado a chefe da Polícia Civil — informou que isso garantiria o andamento das investigações fora do âmbito da Polícia Federal.
Caso fosse executado na saída da Câmara de Vereadores, seria mais facilmente caracterizado como “crime político” e passaria imediatamente para a PF.
De acordo com a delação, Lessa ouviu de Edmilson da Silva Oliveira, o “Macalé”, que contratou os assassinos de Marielle e tinha relação próxima com Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro: “O Rivaldo é nosso”.
A investigação da PF aponta que a garantia de impunidade em torno do homicídio de Marielle seria “apenas mais uma que apareceu no balcão de negócios” da Divisão de Homicídios naquela gestão.
No relatório, a PF diz que Orlando Curicica — ex-policial militar que atuava como miliciano e chegou a ser envolvido indevidamente na morte de Marielle — sustenta haver um esquema de pagamento mensal de propina realizado pelas milícias para as delegacias do Rio.
A Divisão de Homicídios, segundo ele, recebia mensalmente em torno de R$ 60 mil a R$ 80 mil. “Isso quando não auferia uma remessa adicional em razão dos crimes que deixavam provas/rastros”, afirma o relatório.