A Quaest divulgou na última quarta-feira (12), a primeira pesquisa de 2022 sobre a corrida presidencial.
Nada mudou em relação aos últimos levantamentos: Lula (45%) e Jair Bolsonaro (23%) lideram as intenções de voto, com Sergio Moro (9%) em terceiro. Em seguida, aparecem Ciro Gomes (5%), João Doria (3%) e Simone Tebet (1%).
O portal O Antagonista ouviu vários líderes e presidentes de partidos sobre esses números.
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, que ainda não respondeu a Doria se topa coordenar a campanha tucana ao Planalto, disse que “nada mudará até abril ou maio”.
Carlos Lupi, presidente do PDT de Ciro Gomes, afirmou: “A pesquisa é a do dia. Queremos trabalhar pelo voto no dia da eleição. Até lá, muita coisa irá acontecer”.
O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, disse que “não há espaço para Terceira Via”. Ele desdenhou da pesquisa divulgada hoje, dizendo que os dados “não estão corretos”. Para Barros, o presidente estaria com algo em torno de 30% das intenções de voto.
A pesquisa da Quaest, registrada no TSE, foi realizada entre os dias 6 e 9 de janeiro, com margem de erro de dois pontos percentuais e 95% de índice de confiança. Foram ouvidas 2 mil pessoas.
O líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), disse a este site que “a preocupação é consolidar a liderança de Lula”. Segundo ele, “a direita é que força a Terceira Via, pelo fracasso do Bolsonaro”. Como o deputado quis investir no embate ideológico, perguntamos a ele se Geraldo Alckmin, possível vice de Lula, é de esquerda. O petista sorriu e respondeu: “Esquerda é Lula”.
O deputado Marcelo Freixo (PSB), líder da minoria na Câmara e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, afirmou que a “tendência” é um segundo turno entre Lula e Bolsonaro ou — menos provável, no entender dele — uma vitória do petista no primeiro turno. Para Freixo, ex-PSOL, a possibilidade da chapa ‘Lulalckmin’ enterra as chances de Terceira Via, “porque a Terceira Via vem para a primeira”.
“Não há uma Terceira Via que consolide um campo diferente do do Bolsonaro e do Lula. O próprio Moro teria que ser uma candidatura do bolsonarismo sem o Bolsonaro, que ainda não existe, porque, neste momento da história do Brasil, o Bolsonaro ainda é forte demais dentro do bolsonarismo”, acrescentou Freixo.
Como registramos mais cedo, o ex-juiz da Lava Jato é o candidato mais competitivo contra Lula em eventual segundo turno.
Para o senador Eduardo Braga (AM), líder do MDB, “a eleição está polarizada entre Lula e Bolsonaro”. Perguntamos quem Braga vai apoiar. Ele disse: “O MDB está com a Simone e vamos dar o espaço para ela se viabilizar. Como líder, tenho que ter uma postura partidária”.
O deputado Paulo Ganime, líder do Novo na Câmara e pré-candidato do partido ao governo do Rio, acredita ser “muito cedo para qualquer conclusão” sobre a corrida presidencial deste ano.
“Muita coisa vai acontecer até as eleições. Eu tenho muita confiança de que não teremos nem Lula nem Bolsonaro presidindo o Brasil no próximo ano”, afirmou o deputado, que defende a candidatura de Felipe d’Avila, cientista político do Novo que não pontuou na primeira pesquisa de 2022 da Quaest.
Como noticiamos, o número de eleitores indecisos na pesquisa espontânea divulgada hoje — quando o entrevistador não oferece opções de candidatos — é de 52%. Além disso, 26% dos entrevistados não desejam a vitória de Lula nem de Bolsonaro.
“Pesquisa é fotografia do momento. A Terceira Via, com os candidatos que lutam para furar o bloqueio da polarização, tem o desafio de mostrar que pode vencer a eleição se chegar ao segundo turno, derrotando o PT“, disse o deputado Alex Manente (SP), líder do Cidadania na Câmara. Para ele, Moro é o candidato “que mais desponta” nesse sentido.
O senador Nelsinho Trad (MS), líder do PSD, observou que “tem sido costumeiro” esse cenário de Lula liderando as pesquisas, com Bolsonaro em segundo e os demais, na avalição do parlamentar, “sem ameaçar nenhum dos dois”. “A economia tem que estar boa se o presidente pretende se reeleger”, comentou.
Na avaliação do presidente do Patriota, Ovasco Resende, “tudo mostra que a polarização no país vai continuar, com segundo turno entre Lula e Bolsonaro”. Ainda no entender dele, “até o momento, nenhum nome da Terceira Via despertou maior atenção”. Em 2021, o Patriota quase abrigou Bolsonaro, mas conflitos internos afastaram a filiação do presidente e seu grupo político.