O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, mudou o tom em relação a Jair Bolsonaro (PL) na segunda-feira (13), registra Matheus Leitão em sua coluna na Veja. O magistrado não poupou palavras ao dizer que o presidente da República estava espalhando mais uma fake news sobre a Justiça Eleitoral. Muito menos disfarçou que era para Bolsonaro a quem dirigia as palavras proferidas, como já fez em outras ocasiões.
“Quem questiona [a capacidade da Justiça Eleitoral] demonstra apenas motivação política ou desconhecimento técnico do assunto. Refiro-me agora especificamente a uma entrevista de alta autoridade da República em que menciona não ser possível contagem simultânea de votos. A crítica é indevida. Há um erro de informação”, afirmou o presidente do TSE para depois completar: “Esse é o problema: espalha-se desinformação para atacar a Justiça eleitoral”.
A mudança de postura e declaração direta respondendo Bolsonaro tem alguns motivos.
Segundo apurou a coluna, o primeiro deles tem a ver com o “cansaço” interno – entre os magistrados que compõem o TSE e os servidores do alto escalão da corte. Tudo, por conta dos contínuos e covardes ataques de Jair Bolsonaro, que tentam minar a mais que comprovada lisura do sistema eleitoral brasileiro.
É preciso lembrar que, em 12 de maio – ou seja, há apenas um mês -, na ocasião em que Fachin afirmou que as eleições são assuntos de civis e de “forças desarmadas”, o ministro negou que a frase fosse um recado a Bolsonaro.
“Não mando e não recebo recados de ninguém”. De lá para cá, o tom de Fachin tem mudado, chegando ao ápice nesta segunda, 13, afirmando, sem ser provocado, que falava diretamente a Bolsonaro.
É que, durante o fim de semana, colegas de toga do TSE – ou seja, os magistrados que compõem a corte – comentaram entre eles conforme Matheus Leitão, sobre uma manifestação organizada em Brasília por apoiadores do PT, oposição a Bolsonaro, na qual eles, os petistas, criticaram as urnas eletrônicas.
Ou seja, com seu discurso golpista contra a justiça eleitoral, o presidente da República conseguiu contaminar não só os seguidores da extrema-direita brasileira, seus apoiadores fiéis, como também militantes do partido de oposição que tem o líder das pesquisas de intenção de voto, Lula.
Ainda nesta segunda (13), quando conversava com servidores da corte de todo Brasil, Fachin, inclusive, usou de uma metáfora para explicar o atual momento da História brasileira. O magistrado contou que, quando era pequeno, todos brincavam, ao passar em estradas de terra, sobre como os carros levantavam aquele “poeirão”.
Na opinião de Fachin, há muita “poeira” levantada nessas questões das urnas eletrônicas e do sistema de contagem de votos, mas lembrou que, depois que apoiar baixa, a estrada continua.
Claramente, ele falava sobre as eleições brasileiras em 2022. Não se pode deixar que a poeira contamine o ambiente.
Toda a balbúrdia causada por Jair Bolsonaro sobre o processo eleitoral vai passar, e o Brasil seguirá o seu rumo, assim como muitas das estradas de terra no país afora que seguem, mesmo após a poeira ser levantada.