O movimento feminista é um movimento social, político e econômico que tem o objetivo de discutir e lutar por direitos das mulheres. O movimento feminista luta para que as mulheres deixem de ser vítimas de diversas formas de opressão social para levar a sociedade à estruturas mais justas.
Como surgiu o movimento feminista?
O movimento feminista teve seu início, ainda bem diferente do que é hoje, durante o século XIX. Uma das maiores influências para o movimento foi a Revolução Francesa e as alterações sociais que começaram a acontecer nesta época.
A partir das mudanças trazidas pela Revolução Francesa as mulheres começaram a tomar consciência das desigualdades a que eram submetidas e, pouco a pouco, passaram a questionar os modelos sociais e lutar para diminuir a desigualdade política e de direitos. Esse período ficou conhecido como a primeira onda do feminismo.
Neste mesmo período surgiu o movimento sufragista, formado principalmente por mulheres inglesas para garantir o direito da participação feminina nas eleições. Emmeline Pankhurst foi um dos grandes nomes do movimento sufragista, assim como a escritora Mary Wollstonecraft, que também defendeu em seus livros o direito de voto das mulheres.
Mas é importante saber que existem registros de outros movimentos sociais e lutas encabeçadas por mulheres que também são considerados importantes na construção da história do movimento feminista.
Primeira onda feminista
A primeira onda feminista aconteceu no período entre o final do século XIX e o século XX. Nesta época as principais causas defendidas pelo movimento eram ligadas aos direitos políticos, à liberdade de escolha das mulheres e ao direito a usufruir da vida pública.
Foi na primeira onda feminista que surgiu o movimento sufragista pelo direito ao voto das mulheres. O movimento ganhou muita força no Reino Unido e nos Estados Unidos.
As mulheres lutavam por mais igualdade. Desejavam o direito à participação na vida política, direito ao voto, ao estudo e melhores condições de trabalho.
Foi neste período que as mulheres começaram a questionar o papel que era imposto a elas pela sociedade, principalmente em relação à responsabilidade pela casa e pela família como sua única função.
Segunda onda feminista
A segunda onda do feminismo aconteceu no período entre os anos 60 e 90. Neste período a busca pela igualdade social e igualdade de direitos se intensificou e as mulheres passaram a questionar todas as formas de submissão e desigualdade que enfrentavam.
Também fizeram parte das questões debatidas pelo movimento nessa fase as decisões sobre liberdade sexual, maternidade e direitos de reprodução. Uma das principais discussões nessa época girava em torno das opressões sofridas e do motivo de existirem tantas formas diferentes de opressão a que as mulheres eram submetidas.
Também foi na segunda onda que começou a surgir a ideia da coletividade, da força da união das mulheres enquanto movimento capaz de provocar alterações na sociedade. Isso aconteceu porque as mulheres começaram a perceber que havia algo que as unia: todas, de alguma forma, já haviam sido oprimidas pelo fato de serem mulheres.
Ainda nesta época as mulheres negras e lésbicas se juntaram ao movimento feminista, trazendo ainda mais força feminina, novas demandas e novas discussões para o feminismo.
Terceira onda feminista
A terceira onda feminista é o período iniciado a partir dos anos 90 e pode ser definido pela busca de total liberdade de escolha das mulheres em relação às suas vidas.
Nessa fase surgiu o termo interseccionalidade (ou feminismo interseccional), usado para se referir às diversas formas de opressão que uma mesma mulher pode sofrer, em função de sua raça, classe, comportamento ou orientação sexual, por exemplo.
Nesta fase se entendeu a importância do cruzamento das informações e dos debates que incluíssem a maior quantidade possível de mulheres, com suas suas condições e demandas específicas. Isso trouxe ainda mais visibilidade às lutas das mulheres.
Outra contribuição desta fase do feminismo é o entendimento de que os comportamentos e opressões são resultados de construções sociais. Assim, eles podem e devem ser discutidos e desconstruídos.
O que o movimento feminista defende?
O movimento busca principalmente a igualdade de direitos, oportunidades e tratamento entre homens e mulheres e se desdobra em vários segmentos (chamados de correntes). O movimento feminista luta contra a situação de inferioridade em que a mulher ainda vive na sociedade.
As reivindicações do movimento feminista são muito relacionadas à garantia de direitos, mas também a todas outras formas de opressão a que as mulheres são submetidas até os dias de hoje.
São questões importantes para o movimento feminista:
- o fim da desigualdade salarial (na prática) entre homens e mulheres,
- igualdade da participação das mulheres no cenário político do país, tanto na ocupação de cargos políticos como na tomada de decisões,
- questões de saúde ligadas diretamente à condição de mulher: como prevenção de doenças, sexualidade e discussão sobre o direito ao aborto,
- libertação de padrões de beleza impostos pela cultura,
- combate aos diferentes tipos de assédio, como o moral e o sexual,
- fim da violência contra a mulher: violências dentro de relacionamentos, violência sexual, assédio moral, violência obstétrica, dentre outras,
- direitos relacionados à maternidade e à amamentação.
O movimento feminista também tem divisões que levam em consideração questões específicas de alguns grupos de mulheres, como:
- negras,
- lésbicas,
- mulheres de periferia,
- prostitutas,
- indígenas,
- mulheres transexuais.
Além da luta por direitos específicos, o movimento feminista também abre espaço para que as mulheres possam questionar e discutir as relações e as decisões relativas às suas vidas, principalmente sobre questões que nem sempre foram discutidas por serem convenções sociais naturalmente aceitas pela sociedade.
Principais conquistas do movimento feminista
Conheça alguns momentos históricos marcantes para o feminismo:
- 1791: no contexto da Revolução Francesa foi publicada a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que garantia a igualdade jurídica entre homens e mulheres, escrita por Olympe de Gouges,
- 1910: criação do Dia Internacional de Luta das Mulheres, lembrado no dia 8 de março de cada ano,
- 1918: publicação da lei que permitiu o direito de voto às mulheres inglesas, a Representation of the People Act,
- 1948: publicação da Convenção Interamericana Sobre a Concessão dos Direitos Civis à Mulher,
- 1951: a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou a Convenção nº 100 que determinou a obrigatoriedade de igualdade salarial entre homens e mulheres,
- 1953: publicação da Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher,
- 1962: o Código Civil retirou artigos que submetiam as mulheres casadas à autorização do marido para trabalhar fora de casa ou para viajar,
- 1975: a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o dia 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres,
- 1993: a Declaração e Programa de Ação de Viena definiu que os direitos da mulher são inseparáveis dos demais direitos humanos.
O movimento feminista atualmente
O movimento feminista, na forma como é conhecido hoje, cresceu nas décadas de 60 e 70, muito influenciado por outros movimentos que lutavam por direitos civis.
Neste mesmo período o movimento feminista ganhou ainda mais força a partir do surgimento do Comitê da Libertação da Mulher Negra, que trouxe para a pauta de discussões outros temas que ainda não eram tratados pelo movimento, como as desigualdades sofridas em razão da classe social e da raça.
Do início dos anos 60 até a década de 80 as causas do movimento feminista foram ampliadas e nesse período as mulheres passaram a lutar contra qualquer tipo de discriminação ou opressão sofridas em busca da completa igualdade social. Esse período da história do movimento é conhecido como a segunda onda do feminismo.
Mulheres importantes na história do movimento feminista
Em diferentes momentos da história existiram mulheres que foram importantes na luta pelos direitos das mulheres. Conheça algumas mulheres que contribuíram para o feminismo.
- Mary Wollstonecraft (1759-1797): é considerada a fundadora do feminismo, escreveu o livro “Uma reivindicação dos direitos da mulher”.
- Nísia Floresta Augusta (1810-1885): é considerada uma das fundadoras do feminismo no Brasil, publicou textos e livros em defesa dos direitos da mulher.
- Clara Zetkin (1857-1933): fazia parte da social-democracia e foi responsável pela inclusão da discussão dos direitos políticos da mulher da classe trabalhadora.
- Emmeline Pankhurst (1858-1928): defensora do direito de voto das mulheres, foi uma das criadoras no movimento sufragista no Reino Unido.
- Emma Goldman (1869-1940): ativista e anarquista, Emma escrevia sobre a emancipação das mulheres, é considerada um dos nomes mais importantes do anarcofeminismo.
- Rosa Luxembourg (1871-1919): foi ativista pelos direitos das mulheres, acreditava que a igualdade seria resultado de uma revolução social profunda, uma de suas principais causas era a igualdade de condições de trabalho para as mulheres.
- Carlota Pereira de Queirós (1892-1982): foi a primeira mulher a ser eleita deputada federal no Brasil e lutou por direitos das mulheres em sua trajetória política.
- Bertha Lutz (1894-1976): política brasileira e ativista feminista, também é uma das pioneiras do feminismo brasileiro. Fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, grupo que lutava pelos direitos das mulheres no país.
- Simone de Beauvoir (1908-1986): foi escritora e ativista feminista, seu livro “O segundo sexo” é uma marca na história do feminismo pois relata e analisa dados estatísticos sobre as formas de opressão sofridas pelas mulheres na sociedade.
- Betty Friedan (1921-2006): escritora e fundadora da Organização Nacional das Mulheres, nos Estados Unidos. Publicou o livro “A mística feminina” que analisa os processos de submissão a que as mulheres são sujeitadas para encaixarem-se em modelos socialmente aceitos.
- Therezinha Zerbini (1928-2015): a advogada e ativista pelos direitos humanos criou o Movimento Feminino pela Anistia, que defendia a necessidade da anistia para os perseguidos pelo regime militar no Brasil.
- Carol Hanisch (1942): jornalista e ativista do feminismo, escreveu diversos protestos e fundou o grupo Mulheres Radicais de Nova Iorque. É conhecida pela criação do slogan “O pessoal é político”. A frase faz parte de um manifesto publicado na década de 70 que rebatia as argumentações de que as causas do movimento feminista não deveriam ser enquadradas como questões políticas.