Está chegando o halving do bitcoin, um evento bastante esperado no criptomercado e que tem sido apontado como um dos fatores que levaram a moeda a atingir a maior cotação da história no mês passado. A previsão é que ele ocorra entre esta sexta-feira (19) e sábado (20). Mas o que é o halving do bitcoin? Ele pode continuar afetando o mercado?
Halving é um evento que ocorre a cada quatro anos e reduz a quantidade de bitcoins em circulação no mercado. Essa operação tem duas finalidades: primeiro, ao reduzir a oferta da moeda, seu valor é preservado (já que, quanto mais escasso um ativo, maior valor ele teria). A outra é fazer com que a mineração de bitcoins (processo pelo qual a criptomoeda é criada) continue vantajosa para quem faz isso. Afinal, se houvesse muitos bitcoins em circulação sem aumento de demanda, não haveria sentido para mineradores continuarem criando novas unidades.
“A emissão de bitcoin ocorre por meio da resolução de problemas matemáticos extremamente complexos por indivíduos ou entidades chamadas mineradores, utilizando alta potência computacional. Esta é a única forma de produzir bitcoin. Nos mercados tradicionais, equivale à emissão de moeda fiduciária pelos bancos centrais”, explica Günay Caymaz, analista do Investing.com
“No entanto, o bitcoin é um ativo financeiro cunhado de acordo com regras específicas, que são imutáveis”, acrescenta.
O que vai acontecer com o bitcoin agora?
A rigor, a redução da oferta aumenta o valor – motivo pelo qual o halving vem sendo apontado como um dos impulsionadores do bitcoin nos últimos meses. No dia 5 de março, a criptomoeda ultrapassou US$ 69 mil pela primeira vez. Veja cotações.
“Na curta história do bitcoin, o halving foi sinônimo de catalisador de preço da criptomoeda. Um ano após o primeiro evento, ocorrido em 2012, o bitcoin subiu 7.956%. Após o segundo halving, em 2016, o criptoativo avançou 270% nos 365 dias seguintes. Já na sequência do terceiro, realizado em 2020, o BTC registrou alta de 533% no mesmo período”, lembra André Vasconcellos, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI).
Mas há outros fatores por trás da disparada que houve até o último mês, especialmente a demanda de investidores institucionais por ETF de bitcoin nos EUA, a exemplo da gigante BlackRock (que chegou inclusive a lançar, em fevereiro, um investimento atrelado ao bitcoin no mercado brasileiro em parceria com a B3. O produto foi um BDR de EFT).
Nesse cenário, há especialistas que se mostram céticos sobre a possibilidade de o bitcoin continuar subindo no curtíssimo prazo por causa do halving.
“Historicamente, nos outros halvings, a moeda sempre se valorizou depois, porque é um estímulo. E o bitcoin já vem se valorizando nos últimos meses, na minha opinião, motivado principalmente pelo halving. Mas eu acredito que existem forças maiores, neste momento, que podem interferir nessa questão. Como por exemplo a instabilidade geopolítica que estamos vivendo”, afirma Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.
Caymaz, analista do Investing.com, não acredita que o próximo halving afetará significativamente o preço a curto prazo. “Minha opinião pessoal é que o fator que impulsiona o movimento de preço é a demanda, em vez da oferta”, justifica.