A decisão de Jair Bolsonaro de colocar o senador Ciro Nogueira na Casa Civil abre caminho conforme a revista Veja para uma nova busca de protagonismo da ala política do governo no Planalto. É o reconhecimento do presidente de que não conseguirá montar sozinho uma aliança mínima de apoiadores para buscar a reeleição. Com a chegada do cacique, Bolsonaro espera pelo menos solidificar a aliança com as siglas do centrão, hoje balançadas com o avanço de Lula nas pesquisas.
Com Nogueira na Casa Civil, o governo pode começar a se mover para articular a agenda de reeleição de Bolsonaro e de sua base, uma reclamação constante. O senador do Piauí deve usar o posto de gerência para destravar nos ministérios temas importantes para atrair aliados nos estados e começar a fechar palanques regionais. Entra aí o poder da Casa Civil de nomear a todos no governo. O jogo das estatais deve fluir solto agora.
A agenda de obras e de repasses para as prefeituras são o motor da reeleição de deputados e senadores. Sem prefeitos felizes, não há cabos eleitorais dispostos a puxar votos para os “federais”. Daí a satisfação da ala bolsonarista do Parlamento com a chegada dos políticos profissionais ao comando da Casa Civil. Isso num momento em que a arrecadação federal permite ao governo destravar bilhões no orçamento.
Com a chegada de Ciro Nogueira, a conversa com partidos muda de nível e passa a ser mais objetiva também no Congresso. A falta de articulação com o Senado, por exemplo, é o primeiro campo a ser atacado por Nogueira, que deve tirar de Davi Alcolumbre o poder sobre a liberação de uma fatia de 5 bilhões de reais em emendas aos senadores. Além de ampliar as conversas com senadores, Nogueira deve colar em Rodrigo Pacheco para que o presidente do Senado não use a pauta da Casa para prejudicar os interesses do Planalto.