A pesquisa Datafolha realizada na semana passada mostrou um cenário de estabilidade nas intenções de voto, confirmando a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), assim como na avaliação dos Três Poderes. As informações são da FolhaPress.
O petista segue à frente, com 18 pontos percentuais de vantagem, sem movimentos significativos da chamada terceira via. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) continua distante, e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o deputado federal André Janones (Avante-MG) permanecem bem atrás.
Por outro lado, o levantamento mostra uma movimentação favorável ao atual presidente entre mulheres, mais pobres, nordestinos e evangélicos, enquanto o petista oscila positivamente entre homens, pretos e mais ricos.
O Datafolha ouviu 2.556 eleitores com 16 anos ou mais em 183 cidades. A margem de erro do levantamento, contratado pela Folha e registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 01192/2022, é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Confira abaixo, em oito pontos, os principais resultados divulgados até agora.
LULA TEM 18 PONTOS DE VANTAGEM
O ex-presidente tem 47% das intenções de voto, mesmo patamar anterior, enquanto o atual mandatário oscilou positivamente um ponto, com 29%. Segue inalterada também a posição de Ciro (8%) e o grande pelotão de candidatos abaixo de 2%, encabeçado numericamente por Tebet.
Isso pode ser explicado pelo fato de que 71% dos eleitores dizem estar totalmente decididos. O voto consolidado se relaciona ainda com a taxa de conhecimento dos candidatos, que é bastante alta nos casos de Lula (98%), Bolsonaro (97%) e Ciro (86%), mas não de Tebet (24%).
Uma das mudanças apontadas pela pesquisa é que Bolsonaro conseguiu ganhar pontos entre as mulheres, um dos eleitorados mais vitais e impermeáveis a ele. Subiu de 21% para 27%, mas ainda perde com larga distância para Lula, que oscilou de 49% para 46%. O petista, por outro lado, ampliou a vantagem entre os homens.
LULA VENCERIA EM PRIMEIRO TURNO
Lula tem 52% dos votos válidos, excluindo brancos e nulos, o que o faria ganhar no primeiro turno se o pleito fosse hoje. Sob essa métrica, Bolsonaro tem 32% das intenções e Ciro, 9%, resultando num cenário novamente de estabilidade.
Como a margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos, porém, Lula pode ter tanto 50%, necessitando um voto a mais para liquidar a fatura já em 2 de outubro, como pode ter confortáveis 54%.
LULA GANHARIA DE BOLSONARO E CIRO NO SEGUNDO TURNO
O petista derrotaria o presidente por 55% a 35%, situação semelhante à da rodada anterior, realizada em 22 e 23 de junho, quando o placar era de 57% a 34%. Outros 7% agora dizem não votar em nenhum os dois, enquanto 2% estão indecisos.
Já se o adversário for Ciro, que foi seu ministro nos anos 2000, Lula ganha por 52% a 33% (eram 53% a 31%), com outros 14% de votos nulos ou brancos e 2% de indecisos. Já quando enfrenta Bolsonaro, o pedetista vence por 51% a 38%.
BOLSONARO SEGUE COM A MAIOR REJEIÇÃO
O presidente segue como o candidato mais rejeitado pelo eleitorado brasileiro. Dizem que não votariam de forma alguma nele 53% dos ouvidos. Lula vem a seguir no ranking (36%), e em terceiro aparece Ciro (25%), veterano de outras três disputas presidenciais (1998, 2002 e 2018).
Os índices são todos semelhantes aos da pesquisa anterior feita pelo Datafolha, de 22 e 23 de junho.
BOLSONARO TEM A PIOR AVALIAÇÃO DE QUEM TENTA REELEIÇÃO
O presidente tem sua gestão reprovada por 45% dos brasileiros, o pior desempenho de um postulante à reeleição a esta altura do mandato desde que o instrumento foi criado, em 1997. No levantamento anterior, ele tinha 47% de avaliação ruim ou péssima.
Naquela aferição, achavam o governo ótimo ou bom 26%, índice que oscilou para 28% agora. Seguem achando a gestão regular 26%. A avaliação da sua administração é importante para medir suas chances na eleição presidencial.
A nova pesquisa também mostra que 52% dos brasileiros não confiam nunca nas declarações do mandatário. Outros 29% responderam que confiam às vezes em Bolsonaro, enquanto uma minoria de 18% afirma sempre confiar no que o presidente diz (1% não soube opinar).
O levantamento aponta ainda que 73% acreditam que há corrupção no governo federal. Mas ela é vista como um problema nacional secundário, em comparação com a saúde, temas econômicos, a miséria, a educação e a violência urbana
BOLSONARO SOBE ENTRE POBRES, NORDESTINOS E EVANGÉLICOS
O presidente reduziu sua diferença numérica entre os que ganham até dois salários mínimos mensais: passou de 20% para 23%, enquanto Lula oscilou negativamente de 56% para 54%, portanto dentro da margem de erro que é de 2,7 pontos percentuais para esse grupo.
O atual mandatário também ganhou um respiro no Nordeste, subindo de 19% para 24% no último mês, enquanto o petista flutuou de 58% para 59%. A diferença entre eles, portanto, recuou de 39 para 35 pontos percentuais, novamente dentro das margens de erro da região, de 3,8 pontos.
Entre evangélicos, Bolsonaro se descolou de Lula e passou a liderar fora da margem de erro, com 43% das intenções de voto contra 33%. A diferença entre eles passou de 5 para 10 pontos percentuais.
LULA SOBE ENTRE PRETOS E MAIS RICOS
O ex-presidente ampliou sua vantagem sobre o presidente entre os eleitores que se declaram pretos, ainda que dentro da margem de erro. A diferença entre eles passou de 32 pontos percentuais em maio para 38 agora, já que o petista oscilou de 54% para 58%, e seu rival, de 22% para 20%.
Bolsonaro também viu cair sua dianteira sobre Lula entre os mais ricos, porém também dentro das margens de erro. A distância entre os dois passou de 15 para 10 pontos percentuais no grupo com renda de cinco a dez salários mínimos e de 12 para 8 pontos no grupo acima de dez salários.
AVALIAÇÃO DO CONGRESSO E DO STF SEGUE ESTÁVEL
A avaliação do trabalho de deputados e senadores segue baixa mesmo após a recente aprovação do pacote de bondades eleitorais. A rejeição é de 39%, com apenas 12% de aprovação, um dos piores resultados da atual legislatura, iniciada em 2019.
Em relação à pesquisa anterior, de dezembro, houve uma oscilação positiva, no limite da margem de erro. Naquela época, o índice dos que classificavam o desempenho do Congresso como ruim ou péssimo era 41%; os que diziam ser ótimo ou bom somavam 10%.
Já o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a mesma taxa de aprovação que tinha em dezembro do ano passado (23%) mesmo sob constante ataque do presidente. A rejeição oscilou um ponto para baixo (de 34% para 33%), dentro da margem de erro. A maioria considera o trabalho do Supremo como regular (38%).