Conforme Edson Rossi da revista IstoÉ, existe uma equação a ser respondida urgentemente no Brasil. O que a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) quer do trabalho? Apesar de o recorte geracional trazer de uma criança de 10 anos a um jovem adulto de 25, o tema será melhor afinado se ficarmos entre quem tem de 16 a 25. Inclui aqueles que estão saindo do Ensino Médio até os que concluíram a universidade e entraram no mercado de trabalho. Em resumo, o que costumamos chamar de força produtiva. A próxima geração a ocupar os espaços profissionais e construir os drives de riqueza e crescimento do país. No Brasil, representam 15% da população, cerca de 31 milhões de pessoas.
Conhecer a fundo esse contingente será decisivo num momento em que as transformações tecnológicas irão se acelerar, em especial com avanços massivos em três grandes áreas: o 5G, a computação em nuvem e as soluções de Inteligência Artificial. Empregos e mesmo carreiras desaparecerão ou estarão sob soluções computacionais e robôs. Por outro lado, novas habilidades comportamentais e skills serão exigidos nas vagas ocupadas pelas pessoas. Esse negócio de uma economia manufatureira ou lastreada em commodities pode não bastar.
Por isso será decisivo estudar, conhecer e enxergar as expectativas dessa geração. Só com esse tipo de informação poderemos debater políticas educacionais e profissionais que prevejam gargalos e escassez no médio prazo. Nos Estados Unidos, a National Socity of High School Scholars (NSHSS) realiza sistematicamente uma pesquisa para compreender jovens nessa faixa etária. No levantamento deste ano, 11,4 mil estudantes opinaram – 72% estão concluindo o Ensino Médio entre este ano e os próximos dois. Os resultados levam a um perfil que em termos produtivos traz ingredientes que não eram decisivos para gerações anteriores. São respostas que valem ouro a empresas de ponta, porque são cruciais na atração e especialmente na manutenção de talentos.
De acordo com os autores da pesquisa, pode-se dizer que a Geração Z traz quatro drives que aparecem o tempo inteiro nas respostas: “Desejo de equidade para todos, interesse crescente pelas áreas de saúde e carreiras Stem (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), o amor por aprender e a ansiedade para viver um mundo pós-Covid”. A questão da equidade, um clássico problema brasileiro, alastrou-se também pelos Estados Unidos, em especial após a crise imobiliária de 2008. “Mais de um quinto (22%) disseram que as próprias experiências com desigualdade influenciaram na escolha da carreira”, afirma o documento.
Para enfrentar o problema eles acreditam que o papel de responsabilidade social e forma de impactar o mundo positivamente está na atuação nas áreas de direitos humanos (35%), justiça social (34%), saúde (34%) e na inovação tecnológica (34%). Curiosamente, a tecnologia será nuclear nos campos do direito (lawtechs) e da saúde (healthtechs). E aqui está a maior pista para empresas e recrutadores. Trata-se de uma geração que chega ao mercado esperando mais que sucesso, oportunidades e desafios. Eles querem também flexibilidade de jornada, ambientes acolhedores e, especialmente, uma causa e um propósito.