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segunda-feira 19 de junho de 2023 às 06:38h

‘O PV indica meu nome’, diz Bacelar sobre disputar prefeitura de Salvador em 2024

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Em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, o deputado federal Bacelar (PV) revelou que seu nome está sendo considerado como candidato à Prefeitura de Salvador nas eleições de 2024.

Confira:

Tribuna da Bahia: Como o senhor avalia as últimas decisões do governo Lula sobre política ambiental? Sobretudo sobre as perdas de atribuição do Ministério do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas…

Bacelar: Uma visão muito positiva. O Brasil nos últimos quatro anos desestruturou toda a sua política ambiental, fragilizou toda a legislação de proteção ao meio ambiente, fixou o Brasil como o maior consumidor de produtos tóxicos do mundo, o desmatamento, as queimadas, todo um arcabouço legal e administrativo que tinha sido criado foi desmontado com enfraquecimento do Ibama, do ICMBio, do enfraquecimento da Funai, como um péssimo exemplo do afrouxamento na punição dos criminosos ambientais. Então tudo isso nos levou a ser a pária do mundo. O Brasil era um país pária do mundo porque era um dos cinco países que mais contribuiu para emissão de gases de efeito estufa. Só a presença do presidente Lula, um compromisso que o presidente Lula, mesmo antes de assumir o governo, assumiu o Sharm el-Sheikh, no Egito, na COP, tudo isso modificou a imagem do Brasil. Os investimentos no fundo da Amazônia que estavam suspensos voltaram com aporte de recursos da Suécia, da Noruega, dos Estados Unidos, da Inglaterra, da China. Enfim, voltamos ao protagonismo do meio ambiente mundial. Na estruturação do governo, que é uma tarefa de quem ganha a eleição, o presidente Lula criou o Ministério dos Povos Originários,  o presidente Lula reforçou o papel do meio ambiente. Mas nós não conseguimos na eleição eleger um grupo que desse sustentação. Os deputados que o presidente Lula chamava de seus e que o ajudaria a governar, esse grupo foi de cerca de 120 parlamentares. No segundo turno, com o apoio do PDT e do Cidadania, nós pulamos para 130 ou 140 parlamentares. Então nós ainda somos minoria na Câmara e estamos tentando construir, o que é uma tarefa difícil, que exige muita negociação, paciência, que exige muita política, coisa que estava considerada uma atividade criminalizada no Brasil, uma atividade colocada em segundo plano. Tudo isso demora e demanda esforços. Acho que o Poder Legislativo exorbitou de suas atribuições e desfigurou a proposta original, mas isso não impede a implementação das políticas, não é porque uma agência não está no meio ambiente, não é porque uma agência foi tirada dos povos originários e foi colocada na justiça, que essas políticas não podem ser implementadas. Elas serão implementadas. Acho inclusive que mais para frente essas alterações podem ser feitas via decreto, mas o importante é que nós, mesmo em minoria, conseguimos aprovar a reforma administrativa. Aliás, para quem critica a articulação do governo, volto a chamar atenção. Estávamos desacostumados de fazer política no governo anterior, tudo era decidido no próprio Poder Legislativo, o presidente não exercia as suas atribuições, não exercia as suas tarefas, delegou tudo isso ao Legislativo. E isso é um processo de reconstrução de relação do poder, que não é um processo fácil, mas eu quero chamar atenção, que mesmo em minoria, mesmo sem assumir o governo, nós aprovamos a PEC da Transição, aprovamos a PEC do Bolsa Família. Mesmo em minoria, mesmo enfrentando uma oposição para a qual quanto pior melhor, conseguimos eleger o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Mesmo nessa situação enfrentamos uma tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro e superamos essa fase com política, com negociação, com democracia, e a gente vem avançando as pautas, aprovamos o arcabouço fiscal, enfim, a diferença é que antes o polo de poder era um só. E agora não, agora os três poderes se respeitam, os três poderes são independentes, os três poderes conversam e tudo isso, primeiro, contém um pouco da vontade ou da decisão de um só poder, também, volto a dizer, é um processo mais demorado, é um processo mais trabalhista

Tribuna da Bahia: Como o senhor viu essa dificuldade em relação ao Marco Temporal na Câmara e qual deve ser os próximos passos do governo a partir de agora? 

Bacelar: Olhe, nós estamos na expectativa que o Senado altere. Foi uma atitude da extrema direita, uma atitude desumana, uma atitude que afronta inclusive os próprios pilares que sustentam a nação brasileira, nós não podemos fazer essa arbitrariedade. Nós não podemos condenar o povo originário a viver uma vida marginal na sociedade, além de que temos que reconhecer o papel fundamental da das nações indígenas na manutenção do meio ambiente, na manutenção das florestas e da nossa fauna.

Tribuna da Bahia: Quais são as perspectivas para a Comissão Especial de Transição Energética na Câmara? 

Bacelar: Pelo acordo de Paris, os países do mundo têm que fazer um esforço muito grande para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Precisamos de um esforço muito grande para descarbonizar parte do sistema mundial. E como é que a gente descarboniza isso? E aí o Brasil tem esse papel preponderante e fundamental. A gente descarboniza isso substituindo os combustíveis fósseis por uma energia limpa. Que pode ser vinda através da hidrelétrica, da iluminação solar e da energia eólica produzindo um hidrogênio verde. O nordeste brasileiro é privilegiadíssimo nessa área. O Brasil já é um grande produtor de energia limpa através das hidrelétricas, mas com a implantação da energia elétrica, da energia solar, principalmente no Nordeste brasileiro, e a Bahia com característica da natureza, a Bahia também tem uma situação privilegiada, porque nós temos a energia solar durante o dia e a energia eólica à noite, então não tem solução de continuidade, é uma produção de energia contínua e em nenhuma região do mundo nós temos isso. O que é comum nas outras regiões? Em algumas regiões tão centradas em energia solar, durante o período diurno, e outras regiões têm a energia eólica à noite, porque não tem o sol durante o dia. Nós não. Nós temos essas duas coisas. Com ainda outras características. A velocidade do nosso vento está acima da média mundial e os guetos do Nordeste, e principalmente na Bahia, correm em uma direção única, o que também aumenta a produtividade e a eficiência da energia eólica. Então nós vamos nos transformar em um grande complexo mundial de energia renovável. Os baianos não sabem, mas a quantidade de árabes, de chinês e de estrangeiros que estão na Bahia, que vêm à Bahia em prol dos investimentos nessa área é fantástica. O Senai Cimatec hoje é um dos grandes centros de estudo e de testes de energia eólica, de energia renovável do mundo. Nós temos aqui com projetos de bilhões e bilhões de dólares. Só um conjunto de projetos no sertão baiano tem um potencial de investimento de cerca de 120 bilhões de dólares, isso aí vai gerar emprego, renda, desenvolvimento. Para que você tenha uma ideia, já no sertão baiano, nós temos uma torre de energia eólica, que ocupa em torno de um hectare e meio a dois hectares. Pois bem, com pequenas propriedades que não tem vocação para agricultura, que têm um clima muito árido e seco, não temos também como desenvolver outras atividades econômicas e o proprietário hoje dessa pequena propriedade rural de 10 a 15 hectares pode estar faturando já por mês cerca de R$ 20 a R$ 25 mil livres pelo aluguel de sua terra para a implantação dessas torres que não poluem, que não ocupam o espaço para outras atividades. Então o Brasil pode se transformar nesse grande polo da nova economia mundial, do novo processo de industrialização do mundo. Sabe por quê? Porque a redução dos gases de efeito estufa e a substituição disso por energia renovável vai afetar e muito o modelo industrial do mundo, principalmente o modelo industrial e o modelo de transporte. Então nós estamos na vanguarda e a criação dessa comissão é um sinal de que o Legislativo está preocupado com isso, que o Legislativo quer aprofundar os estudos e pesquisas nessa área, de ordenar as diversas atividades de governo, e principalmente construir um marco regulatório que nos dê tranquilidade jurídica e que seja indutor do desenvolvimento. Essa comissão que foi instalada na Câmara já tem uma similar no Senado Federal mostrando a preocupação do poder legislativo com esse importante momento da história mundial

Tribuna da Bahia: O senhor falou no início sobre a questão da articulação do governo. Há a perspectiva de o governo melhorar a relação com a Câmara e especialmente com o presidente da Casa, Arthur Lira? 

Bacelar: Nós, como eu disse, já saímos de 130 deputados para cerca de 220 em seis meses, e continuamos avançando nesse processo. O presidente Arthur Lira é um verdadeiro líder do Legislativo, que extrapola as funções formais do presidente. É um deputado que conhece a geografia da Câmara. É um deputado que se identifica com o chão do plenário. É um deputado que tem um excelente relacionamento com cada deputado e com cada partido. Mas é um deputado que estava na eleição, estava no outro campo, que estava no campo adversário, mas ele com espírito do patriotismo, com espírito público acima de tudo, tem se aproximado do governo e tenho certeza de que será um grande avalista do governo na Câmara. A relação com o Senado é uma relação muito boa, e essa relação com a Câmara está sendo construída com independência, com ética, colocando o interesse público acima de tudo. Acho que dentro de mais três ou quatro meses nós já vamos ter maioria folgada no Legislativo, e aí poderemos implementar os projetos e programas que o presidente Lula se comprometeu com o povo brasileiro na campanha.

Tribuna da Bahia: Falando um pouco aqui sobre a Bahia, o PV se sente contemplado com a atual participação que tem no governo do Estado ou ainda tem conversas para acomodar melhor os espaços? 

Bacelar: A bancada parlamentar do PV está satisfeita e acredito que todo o partido. Eu diria que nós estamos contentes, que estamos satisfeitos com a nossa participação, mas como todo partido político temos quadros à disposição do governador [Jerônimo Rodrigues] para outras atividades. Nós temos consciência que o PV entrou na base do atual governo dentro de um processo que já veio se desenvolvendo há 16 anos. Nós integramos o governo, que é um governo de continuidade, continuidade a [Jaques] Wagner, continuidade a Rui [Costa], então os espaços estão quase que inteiramente ocupados. Os [novos] espaços surgem pela ampliação de atividades do governo. As novas secretarias, os novos espaços que o governo criou, e também pela rotatividade de partidos que nos apoiam. Então a gente entende e tem compreensão que esse espaço é menor do que o espaço de um partido que era oposição e se transforma em um partido de governo. Nós não. Os deputados do PV já faziam parte da base do governo e o partido, quando entra no final da gestão de Rui Costa no governo, entra tendo consciência da limitação desse espaço. Nós participamos ativamente da campanha do presidente Lula, contribuímos muito para o triunfo do governador Jerônimo e nos identificamos muito com o estilo de Jerônimo, com as preocupações de Jerônimo, inclusive as preocupações ambientais que o nosso governador tem expressado.

Tribuna da Bahia: Em relação às eleições de 2024, quais são os planos do PV e também os seus? Como é que o senhor vai participar desse processo? O senhor pode ser candidato em Salvador?  

Bacelar: Os planos do PV se prestam também através da estratégia do governo. O PV está contemplado dentro da estratégia maior do governo. E qual é essa estratégia? Uma atenção especial para as 50 maiores cidades do estado. Especialmente a cidade do Salvador, que exige uma mudança na forma de administrar, que exige uma mudança nas prioridades da administração pública. Então para isso nós estamos levantando os quadros em cada uma dessas cidades. Estamos conversando com os diversos partidos que formam a base do governo e temos como meta a união das nossas siglas, dos nossos partidos, para que construamos candidaturas únicas nesses maiores municípios. E as pretensões individuais têm que se subordinar a essa estratégia. Então, no caso de Salvador, o PV se senta na mesa indicando o meu nome, mas com o intuito de construir a unidade. Nós temos grandes nomes na cidade de Salvador, nomes que têm tradição de militância, de ter o respaldo popular da cidade, e cabe a nós esse esforço e essa habilidade política para construir essa unidade. Mas o processo está avançando e avançando naturalmente, tanto que se você olhar, o PV tem pré-candidato, o PCdoB também pré-candidato, o PSB tem um pré-candidato, o PT tem pré-candidatos, o PSB, o Avante, enfim, todos os nossos partidos têm nomes como pré-candidatos à Prefeitura de Salvador. Mas naturalmente os nomes de pré-candidaturas estão diminuindo e a gente já vê o fortalecimento de alguns nomes nesse quadro, dentre eles, podemos pegar o nome do presidente da Conder, José Trindade, um homem que já foi vereador da cidade, um nome técnico, responsável pelo grande volume de obras do Estado na cidade de Salvador. Trindade é o executor das grandes obras da área de mobilidade urbana, na área de contenção de encostas, na construção de escolas, na construção de hospitais, e um profundo conhecedor dos problemas de Salvador. E o que que a gente nota? É uma caminhada em direção da construção desse nome. Volto a dizer, como todo o processo democrático, aqui não tem um líder que bate na mesa e diz quem é o candidato. Aqui são diversos líderes e que a gente vem conversando.

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