Era um Junho de 2002 em Boston. Eu iniciava o meu curso de mestrado na Sloan School of Manament no MIT. Logo na chegada me deparei com uma novidade incrível, o Wi-Fi. Lembro como se fosse hoje. Até então, para acessar a internet era preciso conectar o computador na linha telefônica através de um modem e cadastrar o email em um provedor. A partir daí era só “discar” e conectar. Nem sempre dava certo…
Lembro também de um colega que apareceu com um Blackberry, a grande sensação daquela época. Mal pude acreditar quando vi ser possível receber e-mails na palma da mão. Era o início da era dos smartphones..
Outro dia eu contava para meus filhos sobre os utensílios que foram literalmente “engolidos” pelos smartphones ao longo das últimas duas décadas. São objetos que se tornaram obsoletos e sumiram das nossas escrivaninhas, prateleiras e gavetas. Os que lembrei são: calendário tipo “folhinha”, agenda de compromissos, caderninho com contatos; despertador, bloco de anotações, calculadora, máquina fotográfica, filmadora, CD player, DVD player, coleção de CDs e DVDs, joguinhos eletrônicos, rádio, termômetro, jornais e revistas, telefone fixo, dicionário, mapas, bússola, lanterna, cronômetro, scanner, álbuns de fotos, espelhinho de bolsa, cartões de crédito, dinheiro vivo (com o recente advento do Pix) entre outros. Isso que nem estou levando em conta os infinitos aplicativos que propiciam a nossa locomoção, alimentação, diversão, socialização, compras on-line e etc.
A evolução parece mesmo não ter fim. Que o diga o tão comentado ChatGPT e tudo o que dele deriva. A ferramenta promete revolucionar (e já está revolucionando) o que entendemos como tecnologia da informação. Uma das notícias mais recentes são os testes em hospitais da California e do Wisconsin. O ChatGPT está lendo as mensagens online dos pacientes e rascunhando as respostas. Quando o médico clica na mensagem, o ChatGPT consulta os dados do paciente no sistema do hospital, faz um resumo do prontuário e prepara um rascunho da resposta a ser enviada. O projeto ainda está em testes mas já mostra, como temos visto na mídia, que o uso da inteligência artificial (IA) parece mesmo ilimitado.
Mas voltemos agora ao smartphone e à sua relevância para as nossas vidas. Tal qual o protagonista do faroeste americano que portava seu revólver no coldre, temos hoje em dia que portar o nosso smartphone no bolso (ou na bolsa). Sem ele estamos desamparados e vulneráveis. Portar o smartphone é praticamente uma questão de sobrevivência na selva de pedra em que vivemos. Muito mais poderoso do que era o revólver do cowboy, com o smartphone em mãos somos capazes de resolver (quase) todos os problemas! Mas, se acabar a bateria…
Por Fernando Goldsztein no Blog de Fausto Macedo