Embora vinculado à imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a uma postura de suposta complacência em relação a investigações que poderiam alvejar o capitão, o baiano procurador-geral da República Augusto Aras tem desenhado estratégias para tentar ser reconduzido a mais dois anos à frente do cargo. Se não conseguir se viabilizar ou tiver o nome peremptoriamente vetado pelo Palácio do Planalto, quer ao menos indicar opções para sua sucessão à frente do Ministério Público da União.
O plano A é tentar sedimentar apoios de peso até junho, no mais tardar julho, para se apresentar como um nome de consenso da classe política. Embaixador informal do projeto de recondução do procurador-geral, o líder do governo no Senado, o senador pela Bahia Jaques Wagner (PT), tem segundo
a missão de sondar o presidente Lula sobre supostas vantagens de considerar o nome do atual PGR, a quem considera ponderado, discreto e refratário a pirotecnias investigativas.O mandatário, no entanto, tem restrições ao estilo de Aras, a quem atacou abertamente durante a campanha eleitoral pelo baixo apetite em apurar atos do antecessor, e é incensado também por aliados como os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que criticam o desprezo dado pelo procurador-geral às provas elencadas por eles na CPI da Pandemia.
A tropa de apoio do chefe do MP, no entanto, é numerosa e igualmente poderosa. Dela fazem parte, por exemplo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Como plano B, Augusto Aras vislumbra ao menos poder sugerir como potenciais sucessores nomes como o do vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet e do subprocurador Carlos Frederico Santos, responsável pelos inquéritos abertos contra centenas de manifestantes que depredaram o patrimônio público nos atos de 8 de janeiro. A preço de hoje, porém, o nome do subprocurador Antônio Carlos Bigonha é o mais lembrado entre interlocutores do PT na área jurídica, mas também são mencionados como potenciais candidatos os subprocuradores Alexandre Camanho, José Adonis Calou e Luiza Frischeisen, embora o endosso dos dois últimos à Operação Lava-Jato seja considerado proibitivo para qualquer um que almeje, em um governo petista, o cargo de chefe do Ministério Público.