Jair Bolsonaro garantiu a todos à sua volta que retorna mesmo ao Brasil. Os cerca de três meses em que passou nos Estados Unidos serviram para protegê-lo de acusações herdadas do período eleitoral, esfriar a polêmica sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e baixar a poeira sobre as joias da Arábia Saudita. Mas a preocupação com a perda de protagonismo político está por trás da decisão de retorno, num voo previsto para pousar por volta das 7h de quinta-feira, no Aeroporto de Brasília.
Segundo um interlocutor de Bolsonaro ouvido pela coluna de Clarissa Oliveira, na Veja, a ordem é mesmo dar um ar de “naturalidade” para a chegada dele ao país. Por enquanto, não haverá muita pompa. Mas isso não significa que não vai ter barulho. A ideia é mobilizar apoiadores para que o ex-presidente seja recepcionado no aeroporto. Até segunda ordem, esse será o único evento para marcar a data. Há a preocupação de afastar o risco de confusão, o que levou o PL a se antecipar e pedir ao governo do Distrito Federal que a segurança no local seja reforçada.
O PL também confirmou na última segunda (27) o que já se sabia sobre o emprego do ex-presidente. Bolsonaro assumirá o cargo de presidente de honra do partido. É o caminho para que ele busque um protagonismo como líder da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele próprio deixou bem claro que não aceita outro papel. O PL chegou a ensaiar um voo mais alto para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, diante das ações que podem tornar o ex-presidente inelegível. Mas Bolsonaro colocou freio na articulação.
A nova função, somada às aposentadorias que já recebe, ajudará a garantir uma renda mensal de pelo menos 80 mil reais ao ex-presidente. Sem contar a remuneração que o PL também paga a Michelle como líder do PL Mulher. Ambos poderão aguardar confortavelmente o andamento das ações que correm contra Bolsonaro na Justiça.