A semana começou “sangrenta”, como diz o mercado, com as bolsas do mundo inteiro em queda: -13% na bolsa de Tóquio, e todas as da Ásia, da Europa e os futuros das bolsas americanas em queda. Então já se sabe que não será um dia fácil na economia global. Isso afeta aqui o Brasil e já está com o dólar disparando.
Na semana passada, ao manter por unanimidade a taxa de juros em 10,5%, o Banco Central sinalizou que a situação econômica ficou um pouco mais complicada para o governo Lula.
Enquanto o presidente tem tentado criar a expectativa de que os juros vão cair rapidamente quando o BC for dirigido por um indicado pelo PT, o que está se consolidando é uma visão unânime dentro da diretoria de que é preciso manter a taxa para combater a inflação.
Até o comunicado ficou mais duro. Na reunião anterior, a instituição falava em interrupção do ciclo de queda dos juros. Na semana passada, essa expressão sumiu do texto. Nesta terça será o tira-teima quando sair a ata completa da reunião. Aí vai se saber melhor o que eles estão pensando no Copom.
Entre outros fatores, a decisão passa pela forte alta do dólar, que subiu bastante nos últimos dias. Saltou de R$ 5,44 para R$ 5,70 entre segunda e sexta. E nesta segunda já disparou e passou dos R$ 5,80.
O Banco Central deixou claro, no texto do comunicado, que um dos riscos para a inflação no Brasil é a taxa de câmbio do dólar subindo consistentemente – o que, de fato, impacta na inflação.
A semana passada teve duas vitórias importantes na economia real. A conquista do dado de menor taxa de desemprego desde 2014 (6,9%) e a produção industrial que subiu 4,1%. Mesmo com essas boas novas, a situação dos juros preocupa e muito o governo.
Estados Unidos
O movimento do Banco Central brasileiro se mistura com uma notícia boa e duas ruins no âmbito internacional.
O presidente do BC americano afirmou que os juros, que também têm estado altos por lá, podem começar a cair em Setembro.
Se isso se confirmar, sobra mais dinheiro para investimento fora dos Estados Unidos, especialmente para países que não têm grau de investimento, como o Brasil.
Ao mesmo tempo desta sinalização, houve o aumento da tensão no Oriente Médio, com a entrada do Irã na briga entre Israel e Hamas.
Cada vez que há esse risco, o petróleo sobe. E quando o petróleo sobe – com dólar também está subindo – o impacto na inflação no Brasil fica cada vez mais possível. É o mundo globalizado entregando sua conta.
Mas a pior notícia é o da taxa de desemprego nos Estados Unidos divulgado sexta, 2, que mostrou queda forte. O medo de recessão na economia americano se espalhou pelo mundo. E é isso que explica esse “banho de sangue” como o mercado diz nas bolsas da Ásia, se espalhando por outros mercados.
A economia continua sendo um centro de surpresas.