Antes de Jair Bolsonaro (PL) ser indiciado pela Polícia Federal pela trama golpista elaborada em 2022, a cúpula do PL ainda discutia o saldo das eleições municipais e distribuía culpas pelas derrotas que o ex-presidente teve no segundo turno. E na distribuição das culpas, sobrou uma parcela para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Lideranças do PL mais ligadas a Valdemar Costa Neto, o presidente da legenda, dizem que o fato de Moraes ter proibido ele e Bolsonaro de se comunicar diretamente impediu o presidente do PL de convencer Bolsonaro a, por exemplo, não lançar Fred Rodrigues em Goiânia contra o candidato do governador Ronaldo Caiado, Sandro Mabel (União Brasil).
De acordo com um interlocutor comum aos dois, Valdemar é um dos poucos capazes de demover o ex-presidente de algumas “ideias ruins”.
“Alexandre foi gênio quando deixou um longe do outro durante toda a eleição. Valdemar é o único que fala de igual para igual com Bolsonaro no partido. Sem poder conversar, ficou difícil ir ajustando a rota, principalmente no caso dos candidatos mais radicais”, diz um aliado de Costa Neto de longa data.
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Além da aposta em Rodrigues, que não só foi derrotada mas deixou um racha ainda não resolvido com Caiado, também entram nesse combo as campanhas de Bruno Engler em Belo Horizonte e Cristina Graeml em Curitiba. Graeml não é do PL mas foi apoiada por Bolsonaro contra o candidato do governador Ratinho Junior, Eduardo Pimentel (PSD). Já o fato de Engler perder para Fuad Noman é atribuído à estratégia de radicalizar o discurso ao invés de fazer gestos para o centro
Para os aliados de Bolsonaro no PL, parte dessas derrotas (ou quem sabe todas) poderia ter sido evitada se Valdemar estivesse em contato permanente com o ex-presidente. Como Moraes não deixou, acabou entrando na conta dos correligionários de Bolsonaro como um dos fatores a pesar nas derrotas.