O banco central do Zimbábue tomou uma medida incomum para frear a inflação que assola o país há anos — e é considerada uma das mais altas do mundo.
Em meio a uma queda abrupta no valor da moeda nacional, a instituição começou a cunhar moedas de ouro.
O banco central mais que dobrou as taxas de juros — medida adotada para lidar com a inflação — para 200% neste mês, depois que a taxa anual de inflação passou de 190%.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Zimbábue registrou em 2021 a terceira inflação mais alta do mundo, atrás apenas da Venezuela e do Sudão.
Cada moeda de ouro custará o preço de uma onça de ouro no mercado internacional, mais 5% por custo de produção.
Na última sexta-feira (22), uma onça valia cerca de US$ 1.724.
De acordo com o presidente do banco central do Zimbábue, John Mangudya, vai ser possível usar as moedas nas lojas, se tiverem troco suficiente.
A moeda se chama “Mosi-oa-Tunya”, termo que significa “Fumaça que Troveja” — uma referência às Cataratas Vitória, na fronteira entre o Zimbábue e a Zâmbia.
O valor do dólar do Zimbábue despencou em relação às principais moedas neste ano.
O país ainda se lembra do caos econômico sob o regime do falecido Robert Mugabe, que governou por quase quatro décadas.
A hiperinflação forçou o governo a abandonar o dólar do Zimbábue em 2009 — e levou o país a usar moedas estrangeiras, principalmente o dólar americano.
Durante o pior momento da crise, o governo parou de publicar os números oficiais da inflação, mas uma estimativa situou a taxa de inflação anual em 89,7 sextilhões por cento em meados de novembro de 2008.
Na época, a nota de cem bilhões de dólares do Zimbábue foi vista como um emblema do colapso econômico do país.
A moeda local foi reintroduzida uma década depois, mas rapidamente perdeu valor novamente.