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terça-feira 29 de novembro de 2022 às 07:30h

O maior temor da equipe de Lula na área de comunicação

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A pouco menos de um mês da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a equipe de transição do presidente eleito está discutindo estratégias segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, para melhorar a comunicação do Palácio do Planalto. Mas a grande preocupação nessa área é como enfrentar aquela que deve ser a maior dor de cabeça pelos próximos quatro anos, pelo menos na arena digital: a máquina bolsonarista de fake news.

Os lulistas admitem que o PT ainda é um partido analógico e que penou nas últimas eleições para reduzir a desvantagem que tinha em relação a Bolsonaro no terreno das redes sociais.

Agora, avaliam que o governo Lula não pode passar mais quatro anos a reboque dos movimentos das redes sociais e do próprio bolsonarismo – precisa dominar a comunicação no ambiente digital.

Durante a campanha, o PT contou com o reforço de celebridades e a militância digital (e radical) do deputado federal André Janones (Avante-MG).

O parlamentar, porém, enfrentou muita resistência de aliados de Lula e não conseguiu assumir o controle da conta do petista no Facebook.

A discussão sobre quem deveria comandar o Facebook foi uma entre várias ocorridas nos bastidores, porque parte da equipe considerava a comunicação muito pasteurizada e pouco eficaz, com baixo engajamento em relação à de Bolsonaro.

Mas apesar de o diagnóstico sobre a situação ser consensual, o jeito de lidar com o problema ainda não é.

Ainda não está certo, por exemplo, como Lula vai se comunicar com os internautas. Bolsonaro conseguia manter sua estridente militância ativa nas redes com a ajuda das lives de quinta-feira, que acabaram deixadas de lado após a derrota nas urnas.

Integrantes da equipe de transição têm dúvidas se o estilo de Lula combina com as lives semanais, embora achem que poderia funcionar.

Um exemplo disso, segundo auxiliares do presidente eleito, é o episódio do podcast Flow do qual Lula participou quebrou recorde de audiência do programa nas redes, com mais de 1 milhão de visualizações simultâneas.

A falta de uma diretriz clara sobre a comunicação digital já começa a cobrar seu preço mesmo antes da posse.

Segundo um levantamento da consultoria especializada Bites, a rede de influenciadores digitais que foi “tão útil” na campanha de Lula “ainda não se engajou de maneira organizada na construção do novo governo”.

Após analisar a reação das redes às discussões da PEC da Transição e ao discurso do “ministeriável” Fernando Haddad para banqueiros, nesta sexta-feira, a Bites constatou que “diferente do ecossistema bolsonarista, o novo governo não tem uma rede de comunicação estruturada, alinhada e com influência para criar ações de defesa”.

Na gestão Bolsonaro, cada iniciativa polêmica do governo era seguida por uma ofensiva de apoio nas redes por parte de ativistas, influenciadores e seguidores do presidente.

Imediatamente, materiais e textos feitos especialmente para canais como o WhatsApp e Telegram, Twitter ou Instagram eram disseminados nessas redes, reforçando o movimento de Bolsonaro.

Para a Bites, o PT ainda não aprendeu a fazer o mesmo. “O governo de transição, considerando o debate dentro do universo digital, não alcançou êxito em explicar à opinião pública digital a necessidade de modificar a atual estrutura do teto de gastos para viabilizar o pagamento de programas sociais importantes no combate à desigualdade.”

É por isso que o grupo de trabalho da área de comunicação, do qual Janones faz parte, busca formas de “modernizar” o sistema de comunicação do governo.

A conclusão óbvia é a de que é preciso ampliar a presença na esfera digital, criando diferentes conteúdos, como podcasts, para as mais diversas plataformas da internet.

“O que se está discutindo para o governo Lula é uma comunicação integrada. O presidente é o líder e terá seus instrumentos de comunicação com a população. Mas é preciso ter também uma articulação para que todo o governo se comunique bem, de forma integrada e articulada, seguindo as diretrizes do presidente da República”, afirma um integrante dos grupos de trabalho criados na transição.

Outro ponto delicado que tem sido discutido pelo grupo de trabalho da comunicação é a separação da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do guarda-chuva do Ministério das Comunicações.

A maioria do grupo que cuida da área é a favor do desmembramento, sob o argumento de que a pasta tem vida própria e precisa estar ligada diretamente à Presidência da República para coordenar a comunicação digital do governo Lula 3.0.

Em junho de 2020, o governo Bolsonaro decidiu transferir a Secom para o Ministério das Comunicações – antes, a pasta era subordinada à Secretaria de Governo na atual administração. Nos governos Lula e Dilma, a secretaria tinha status de ministério.

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