Durante a Guerra Fria, assuntos relacionados à ufologia eram relativamente comuns nos Estados Unidos. Parte disso ainda era consequência segundo Robinson Samulak Alves, do Mega Curioso, da famosa transmissão radiofônica de Orson Welles de trechos do livro Guerra dos Mundos, no dia 30 de outubro de 1938. Porém, o tema ganhou destaque na mídia com um longo artigo publicado pela revista LIFE, em abril de 1952.
Intitulado Have We Visitors From Space? (Temos visitantes do espaço?, em português), o texto apresentava dez casos de avistamentos de OVNIs — ocorridos entre julho de 1947 e fevereiro de 1952 —, analisando um por um. O texto ainda contava com uma discussão sobre o que esses avistamentos poderiam ou não ser.
Por isso, quando objetos estranhos foram avistados em Washington, muitas pessoas ficaram preocupadas com a possibilidade de estarmos recebendo visitas de alienígenas.
Luzes no céu
(Fonte: Barney Wayne/Keystone/Getty Images)
Na noite de 19 de julho de 1952, controladores de tráfego aéreo registraram objetos, que, segundo eles, haviam se materializado nas telas do radar. A situação chamou a atenção da mídia, uma vez que os OVINs e sobrevoaram a Casa Branca e o Capitólio — um espaço aéreo restrito.
O radar da Força Aérea também captou os objetos, e um piloto de avião relatou ter visto seis luzes em movimento rápido que “não tinham cauda, nenhuma forma reconhecível… eram apenas luzes brilhantes contra um céu escuro” durante 14 minutos.
Com toda a repercussão do caso — um jornal usou a manchete “Enxame de discos voadores sobre a capital” —, era difícil que o assunto não gerasse algum tipo de medo ou de preocupação nas pessoas. E talvez tenha sido isso que inspirou Louis A. Gardner a escrever uma carta a ninguém menos que o físico Albert Einstein, pedindo sua opinião sobre os supostos discos voadores.
Caro senhor Einstein
Louis A. Gardner com a carta recebida de Einstein. (Fonte: University of Southern California)
Em 1952, Einstein já era um dos cientistas mais renomados do mundo. Ele seguia trabalhando no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, apesar de ter se aposentado em 1945. Ele havia apresentado seu trabalho sobre a teoria da relatividade geral em 1915 e recebido o Nobel de Física em 1922. Mesmo pessoas que não eram ligadas ao meio acadêmico, provavelmente já haviam ouvido falar em Einsten.
Gardner, um ministro em uma igreja evangélica, estava em dúvida se as luzes realmente pertenciam a discos espaciais vindos do espaço. Ele também levantou a hipótese dos OVNIs serem algum tipo de experimento de tecnologia militar criado pela Força Aérea dos EUA, ou pertencente à União Soviética.
Para tentar sanar suas dúvidas, ele enviou uma carta ao físico alemão. Naturalmente, ele imaginou que uma pessoa como Einstein estaria ocupada demais para respondê-la. Porém, algum tempo depois, o reverendo Gardner recebeu um papel timbrado do Instituto de Estudos Avançados.
“Caro senhor”, escreveu Einstein. “Essas pessoas viram algo. O que é, eu não sei e não estou curioso para saber. Atenciosamente, Albert Einstein”.
Embora pareça um pouco rude — ou anticlimática —, o simples fato de ter recebido uma carta de Einstein fez com que Gardner se sentisse especial. Ele virou matéria em diversos jornais, que noticiaram o desinteresse do físico pelo tema. Enquanto isso, a Força Aérea recebeu um recorde de 500 relatos de OVNIs, apenas naquele mês de julho de 1952.