Investir em desenvolvimento hoje significa investir em “um amanhã mais pacífico”. Essa foi a mensagem do secretário-geral da ONU, António Guterres, na segunda-feira (20) em debate no Conselho de Segurança.
A sessão convocada pela China, o presidente rotativo do órgão neste mês, é focada em “Promover a Sustentação da Paz através do Desenvolvimento Comum”.
Relação entre desenvolvimento e instabilidade
Guterres disse que a mais “calamitosa” das falhas é a falha em prevenir conflitos, pois “os ganhos do desenvolvimento são frequentemente as primeiras baixas em uma guerra”.
O líder da ONU disse que nove dos 10 países com os indicadores mais baixos de Desenvolvimento Humano viveram conflitos ou violência nos últimos 10 anos.
Segundo ele, as desigualdades e falta de oportunidades, trabalhos decentes e liberdade podem “gerar frustração e levantar o espectro da violência e da instabilidade” e que “instituições fracas e corrupção podem aumentar o risco de conflitos”.
O secretário-geral adicionou que o “caos climático e a degradação ambiental são multiplicadores de crises.”
Caminho para a paz
Para Guterres, o desenvolvimento humano “ilumina o caminho para a esperança”, promovendo prevenção, segurança e paz. Ele afirmou que avançar um mundo pacífico é um esforço que deve estar de mãos dadas com o avanço do desenvolvimento sustentável e inclusivo.
O chefe das Nações Unidas enfatizou que construir a paz significa garantir segurança alimentar, acesso a educação, serviços de saúde, proteção social e dignidade para todos. Também significa fortalecer a resiliência a choques climáticos e investir em adaptação.
Guterres suas propostas para um Nova Agenda para a Paz que estabelece uma visão para a prevenção de conflitos e sustentação da paz em uma época de tensões crescentes e proliferação de conflitos.
Escolhas decisivas
A presidente do Novo Banco do Desenvolvimento e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, participou por videoconferência e disse que o debate é “oportuno” levando-se em conta os desafios que a humanidade enfrenta.
Ela destacou que a cooperação entre os países é o “princípio chave para atingir a paz”. Dilma Rousseff afirmou que em um mundo de tantas dicotomias, os países são confrontados com escolhas decisivas.
“Polarização ou prosperidade comum? Mentalidade de guerra fria ou multilateralismo? Copiar modelos de desenvolvimento de outros países ou construir o próprio caminho de acordo com as convicções de cada nação? Combater as alterações climáticas com injeções significativas de novos recursos ou simplesmente deixar as coisas como estão?”, questinou ela.
Segundo Dilma, a melhoria da governança internacional está no cerne da construção de um futuro de desenvolvimento comum para todos. A presidente do Novo Banco do Desenvolvimento disse ainda que é essencial garantir a eficácia dentro do sistema das Nações Unidas, pois “esta é a única forma de a voz e os direitos da maioria da humanidade poderem ser ouvidos”.