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quinta-feira 23 de maio de 2024 às 17:03h

O deputado britânico que teve pés e mãos amputados quer ser conhecido como o 1º “parlamentar biônico”

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Craig Mackinlay, deputado do Partido Conservador Britânico, sofreu um episódio de sepse (infecção generalizada) há oito meses que quase lhe custou a vida. Mackinlay sobreviveu, mas teve que ter mãos e pés amputados.

O deputado lembra do choque que sentiu ao acordar do coma induzido e descobrir que suas extremidades estavam completamente pretas.

Seus membros estavam “como plástico… como se fossem cair… estavam pretos, secos, encolhidos”, diz ele.

“Conseguiram salvá-los acima dos cotovelos e acima dos joelhos”, acrescenta. “Então pode-se dizer que tive sorte.”

Em declarações ao canal BBC News, ele disse que agora quer ser conhecido como o primeiro “deputado biônico” do Reino Unido depois de receber próteses de pernas e mãos.

Craig Mackinlay

CRÉDITO,PA

Legenda da foto,Craig Mackinlay voltou ao Parlamento britânico esta semana

‘Um azul muito estranho’

Mackinlay, de 57 anos, começou a se sentir mal no dia 27 de setembro. Ele não deu muita importância, fez um teste de covid (que deu negativo) e foi dormir cedo.

Durante a noite ele passou muito mal, mas ainda achou que não era nada grave.

Porém, com o passar da noite, sua esposa Kati, que é farmacêutica, começou a se preocupar e mediu sua pressão arterial e temperatura.

De manhã, Kati percebeu que os braços de Craig estavam frios e ela não conseguia sentir o pulso. Depois de chamar uma ambulância, Mackinlay foi internado no hospital.

Em meia hora, sua pele adquiriu o que ele diz ser um tom “azul muito estranho”.

“Meu corpo todo, de cima a baixo, orelhas, tudo, azul”, lembra.

Ele estava entrando em choque séptico. O deputado foi colocado em coma induzido que duraria 16 dias.

Os médicos disseram à sua esposa que se preparasse para o pior, e a equipe do hospital descreveu o marido dela como “uma das pessoas mais doentes que já tinham visto”. Suas chances de sobrevivência eram de apenas 5%.

Mackinlay com sua família no hospital

CRÉDITO,CRAIG MACKINLAY

Legenda da foto,

 

Mackinlay com sua família no hospital

Por insistência de sua esposa, Mackinlay foi transferido de seu hospital local em Kent para St Thomas’s, no centro de Londres, em frente ao seu local de trabalho, o prédio do Parlamento Britânico.

Ele mal se lembra disso. Ele só se recorda dos estranhos sonhos que acredita terem sido causados ​​pela morfina.

Quando ele acordou, percebeu a dura realidade de sua nova vida.

Ao acordar, ele se lembra de ter ouvido discussões sobre braços e pernas. “A essa altura eles já estavam pretos… era como se fossem cair”, diz ele, os comparando ao plástico de um celular.

Ele diz que não ficou surpreso quando lhe disseram que talvez precisassem ser amputados.

“Não sou formado em medicina, mas sei identificar coisas mortas. Fiquei surpreendentemente estóico em relação a isso… não sei bem por quê. Pode ser por causa do coquetel de drogas que eu estava tomando.”

‘Natal sombrio’

As quatro amputações ocorreram no dia 1º de dezembro. Ele se lembra de ter acordado após o procedimento sentindo-se estranhamente alerta.

Tão alerta que se perguntou se as amputações realmente aconteceram. “Mas eu acordei e olhei para baixo e obviamente percebi que sim.”

O Natal foi “sombrio”. Ele passou o feriado com a família, incluindo a filha de 4 anos, Olivia, que “se adaptou com muita facilidade”, diz Mackinlay.

“Francamente, talvez melhor do que qualquer outra pessoa. Acho que as crianças são extremamente adaptáveis.”

Olivia, filha de Craig Mackinlay

CRÉDITO,CRAIG MACKINLAY

Legenda da foto,A filha de Craig Mackinlay, Olivia, com a nova perna do pai

Olivia teve que se adaptar às novas pernas protéticas de seu pai, uma das quais foi apelidada de Albert, em homenagem ao boneco usado pelos prisioneiros dos campos de guerra no filme dos anos 1950, Albert R.N.

Aprender a andar com próteses levou tempo.

Primeiro, ele teve que reconstruir os músculos que haviam sido afetados.

“Minhas pernas nunca foram grandes; sempre digo que tenho pernas de galinha, mas agora são pernas de pardal.”

“Elas não tinham músculos, era horrível. Você levantava a perna e via um osso e algo pendurado.”

Depois que as pernas protéticas foram instaladas, ele lentamente aprendeu a andar novamente.

“Depois de um tempo, muito rapidamente você pensa: ‘Eu consigo fazer isso’.”

No dia 28 de fevereiro, cinco meses após passar mal pela primeira vez, ele conseguiu dar os primeiros 20 passos sem ajuda.

Inevitavelmente, o progresso foi lento e desigual. Ele desenvolveu bolhas dolorosas em áreas onde sua pele havia ficado ferida e teve que interromper o trabalho.

“Isso foi muito frustrante; para mim, caminhar era meu indicativo de sucesso”, diz ele.

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