A conversa de Lula com os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta segunda-feira (19), teve segundo Bela Megale, do O Globo, um momento de “climão” notado por magistrados da corte. Em certo momento, o presidente eleito criticou a relação adotada por alguns membros do Judiciário e Bolsonaro que chamou de “ação entre amigos”.
Ministros da corte relataram à coluna que a fala criou constrangimento em relação a nomes do STJ que atuaram em sintonia com Bolsonaro, na tentativa de serem nomeados para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles estavam o ministro João Otávio Noronha, que suspendeu o trâmite da denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro contra Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas. O magistrado também concedeu prisão domiciliar ao seu ex-assessor e pivô do caso, Fabrício Queiroz.
Outro magistrado da corte que atuou como aliado do governo Bolsonaro durante sua gestão como presidente do STJ foi Humberto Martins. O ministro chegou a ser o nome preferido de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para o Supremo, mas sua relação com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que se tornou algoz do presidente na CPI da pandemia, enterrou qualquer chance.
A fala foi feita quando Lula destacou que trabalhará para restabelecer a institucionalidade com o poder Judiciário. O clima que predominou na agenda, que teve a participação de 25 ministros, foi de descontração. O presidente eleito afirmou também que pedirá ao futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, manter contato permanente com a corte para ouvir sugestões de seus integrantes.