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quarta-feira 3 de julho de 2024 às 13:05h

O chefão do tráfico de drogas e armas que desencadeou uma caçada global

NOTÍCIAS


Detalhes de uma grande operação policial que abrangeu as cidades de Nottingham e Manchester, no Reino Unido, e se estendeu à Espanha e a Dubai agora podem ser revelados após quase sete anos.

A operação teve como foco Craig Moran, uma figura importante no crime organizado durante o período em que Nottingham foi rotulada como a “capital do crime armado do Reino Unido” no início dos anos 2000 por jornais sensacionalistas nacionais.

Após sua libertação da prisão, um aumento nos crimes envolvendo armas de fogo na cidade a partir de 2017 foi associado a drogas provenientes de Manchester, através de Moran, mas um conflito entre gangues o forçou a fugir para Marbella, na Espanha, onde foi atacado por rivais.

Depois de se mudar novamente, desta vez para Dubai, Moran foi preso e extraditado em 2020, sendo condenado como parte da operação que resultou em vários julgamentos, cujos procedimentos terminaram neste mês.

Marian Bates

CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL DA FAMÍLIA

Legenda da foto, Marian Bates foi baleada e morta em um assalto malsucedido em sua loja

Moran, agora com 42 anos, começou como parte de uma gangue baseada no conjunto habitacional de Bestwood, em Nottingham, que era informalmente liderada por Colin Gunn, um criminoso notório cuja atuação deixou a cidade com uma reputação terrível, segundo um ex-chefe de polícia local.

O grupo de Gunn estava por trás de muitos dos crimes que, em 2003, levaram os jornais a descrever Nottingham como “cidade dos assassinatos” e “capital do crime armado do Reino Unido”.

Um dos crimes mais chocantes foi o assassinato da joalheira Marian Bates, morta a tiros durante um assalto mal sucedido.

Moran foi condenado a 13 anos de prisão por planejar o assalto armado ao Time Centre em Arnold, no condado de Nottinghamshire. Ele foi libertado em abril de 2017.

Armas e munições

CRÉDITO,POLÍCIA DE NOTTINGHAMSHIRE

Legenda da foto, Armas e munições foram apreendidas no conjunto habitacional de Bestwood como parte da Operação Encíclica

Seis meses depois, a polícia de Nottinghamshire deu início à Operação Encíclica, após uma escopeta ter sido descoberta durante uma batida em uma casa na Leybourne Drive, em Bestwood.

Isso acabou se tornando uma prova decisiva, pois a arma tinha sido usada em Manchester e continha o DNA de Callum Sims, primo de Moran.

Um mês depois, os policiais recuperaram dois revólveres dentro de um carro abandonado no Morrell Bank, em Bestwood, perto da casa de Sims.

A operação policial intensificou-se entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018, quando tiros foram disparados em quatro locais diferentes ao redor de Bestwood, com um homem sendo baleado na perna dentro de um pub local.

Em abril de 2018, a polícia executou um mandado em Wendling Gardens, em Bestwood, residência de Lee Hudson, sobrinho de Moran.

Os policiais encontraram 58 plantas de cannabis, maconha embalada e equipamentos de cultivo.

Também havia £13 mil (cerca de R$ 91 mil) em dinheiro, uma máquina de contar dinheiro, dois celulares criptografados e 131 munições.

Chefe Adjunto da Polícia Rob Griffin
Legenda da foto, O subchefe da polícia Rob Griffin descreveu Moran como um “gangster” que representava uma ameaça significativa

O subchefe da Polícia de Nottinghamshire, Rob Griffin, afirmou que os ataques com armas de fogo provocaram uma resposta policial “robusta”.

“Foi a primeira vez em muito tempo que vimos criminalidade com armas de fogo no conjunto habitacional de Bestwood”, disse ele.

“Nós observamos um aumento nos disparos de armas de fogo na mesma época.”

Griffin disse que Moran foi identificado como uma “ameaça significativa” porque estava organizando a entrega de armas e quantidades significativas de drogas em Nottingham.

“Ele é realmente um gangster”, disse.

“Naquela época, ele era o líder da gangue de Bestwood.

“Muito rapidamente começamos a conectar a recuperação de armas de fogo em Nottingham a um grupo de crime organizado em Manchester.”

‘Estereótipo de gangster’

Moran foi encontrado liderando a operação em Nottingham, enquanto Jodie Danson, 43 anos, gerenciava a operação em Salford, em Manchester.

Griffin disse que Moran afirmava trabalhar como instrutor de fitness e pensava que estava acima da lei.

“Ele não tinha meios legítimos de renda, mas dirigia um Range Rover Sport de £ 80 mil (cerca de R$ 432 mil), que lhe custava mais de £1,2 mil (R$ 6,5 mil) por mês para alugar, e tinha um gosto por roupas de grife e hotéis caros”, acrescentou.

“Ele fazia pagamentos exclusivamente em dinheiro. Viveu um estilo de vida estereotipado de gangster.”

Drogas apreendidas

CRÉDITO,POLÍCIA DE NOTTINGHAMSHIRE

Legenda da foto, Polícia apreendeu heroína e cocaína como parte da operação

Moran já suspeitava que a polícia estava grampeando seu Range Rover quando houve um avanço na Operação Encyclic em julho de 2018.

A Unidade de Operações Especiais de East Midlands (EMSOU, na sigla em inglês) interceptou um carro dirigido por Sims, transportando seis quilos de heroína e cocaína para Nottingham vindo de Manchester.

Detetives interceptaram conversas telefônicas, que mostraram que os fornecedores de drogas culpavam Moran pela apreensão e esperavam que ele os reembolsasse.

Moran então fugiu antes que vários outros membros de grupos criminosos de Bestwood e Salford fossem presos.

Dubai

CRÉDITO,REUTERS

Legenda da foto, Moran foi extraditado de Dubai para enfrentar a Justiça no Reino Unido

Foi lançada uma caçada internacional após Moran fugir do Reino Unido atravessando em um ferryboat de Dover para Calais, escondido na parte de trás de um caminhão.

Ele passou a levar um “estilo de vida extravagante” em Marbella, mas ainda era alvo de represálias e foi gravemente ferido em um ataque descrito por Griffin como “brutal”.

Ele levou tiros nos joelhos e foi cortado no rosto e na boca.

Um mandado de prisão europeu foi emitido para sua captura, mas depois de ser atacado em Marbella, Moran fugiu para Dubai.

“Ele estava gastando muito dinheiro, vivendo em hotéis de luxo”, disse Griffin. “Eventualmente, uma equipe de forças especiais [em Dubai] o prendeu e em seguida foi extraditado.”

 Colin Gunn
Legenda da foto,Colin Gunn foi condenado à prisão perpétua em 2006 por conspiração para assassinar John e Joan Stirland

O mandado de extradição mencionava Gunn como um “associado próximo” de Moran.

Gunn foi condenado à prisão perpétua em 2006 por conspiração para assassinar o casal John e Joan Stirland em um ataque de vingança pelas ações do filho da senhora Stirland, Michael O’Brien.

Documentos também mostraram que após sua libertação da prisão, Moran morou em uma casa em Nottingham que era de propriedade de Gunn, levando a especulações de alguns policiais de que o chefe do crime ainda dava ordens de dentro da prisão.

No entanto, Griffin rejeitou as alegações de que Gunn ainda tinha influência em Nottingham, classificou isso de “fábula”.

“Na minha opinião, não acredito que isso estava acontecendo”, disse ele.

“Craig Moran, eu acredito, agia sozinho e viu uma lacuna no que ele considerava um mercado lucrativo. Suspeito que ele viu um vácuo naquela área, percebeu uma oportunidade no mercado e a aproveitou.”

‘Encerrado’

Após uma série de julgamentos, o último dos quais terminou em 18 de junho, detalhes da Operação Encyclic agora podem ser contados.

Griffin diz que o crime organizado tem um impacto devastador e deixa cicatrizes nas comunidades.

“Ele mina os bairros e explora os vulneráveis, sem mencionar o impacto coercitivo que tem na economia”, disse ele.

“Esta investigação comprovaa nossa persistência em garantir que aqueles que causam o maior dano às nossas comunidades e tentam ganhar dinheiro através do crime sejam tratados de forma rigorosa e suas operações encerradas.

“Usaremos todas as ferramentas investigativas necessárias para garantir que vamos eliminar seus supostos impérios de drogas.”

Foram 10 réus por crimes diversos, incluindo conspiração para transferir armas proibidas, fornecimento de drogas de classe A, posse ilegal de armas e drogas, além de participação em atividades criminosas de grupos organizados. Eles ainda aguardam o pronunciamento de sentença.

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