Desde que os depoimentos dos ex-comandantes das Forças Armadas vieram a público, na sexta-feira (15), uma conversa avança na cúpula militar em Brasília. O escândalo do plano de suposto golpe de Estado, arquitetado no fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL), segundo as investigações da Polícia Federal, pode levar a uma limpa sem precedentes na caserna, diz o colunista Robson Bonin, da Radar.
Por uma dessas ironias da história, o caminho para a exclusão de Bolsonaro e seus aliados da carreira militar está no famoso artigo 142 da Constituição, que muitos na gestão bolsonarista exaltavam como caminho para o suposto golpe.
Diz um trecho do famoso artigo: “O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra. O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior”.
Por essa lógica, se Bolsonaro e outros militares metidos na trama golpista forem condenados pelo STF a penas superiores a mais de dois anos de prisão, perderão patentes, medalhas e tudo que os identificava com a carreira nas Forças Armadas. Inclusive, seus salários.