“Nunca o mundo nos viu com tanta importância”, diz Lula em formatura no Itamaraty

Presidente enfatiza vocação do Brasil para destaque nas discussões globais, reforça o potencial do país na transição energética e celebra diversidade da turma de novos diplomatas

O presidente Lula da Silva (PT) participou, na manhã desta segunda-feira (16) da comemoração do Dia do Diplomata, no Palácio Itamaraty, em Brasília (DF). No local, houve a cerimônia de formatura da Turma Esperança Garcia do Instituto Rio Branco, escola diplomática do Brasil e autarquia do Ministério das Relações Exteriores.

“Nossa cabeça pensa onde os nossos pés pisam. Deus queira que vocês viajem muito, conheçam muitos países e que façam uma grande representação do Brasil, qualquer que seja o lugar que vocês desejam, seja em Guiné-Bissau ou em Paris, em Cabo Verde ou em Nova Iorque. Vocês não podem esquecer quem que vocês representam”, disse Lula.

Lula listou a série de encontros que realizou com presidentes e chefes de Estado dos países mais importantes do planeta desde que reassumiu o governo, em janeiro de 2023. Lembrou de participações brasileiras no G7 e em encontros regionais e pontuou que o país receberá este ano a cúpula de líderes do G20. Lula citou ainda a prioridade do Brasil na busca pela representatividade e pela paz entre as nações em todas as instituições multilaterais. E enfatizou que os novos diplomatas vão assumir as funções em um momento que ele define como excepcional.

“O Brasil, possivelmente, não tenha tido na sua história nenhuma perspectiva, nenhuma chance, de galgar espaços importantes no mundo como tem agora com a transição climática e a transição energética.

Nunca o mundo viu o Brasil com tanta importância: em se tratando de energia, o Brasil é imbatível. Basta que a gente seja grande, pense grande, acorde e transforme esse sonho em realidade”, afirmou.

Para o presidente, a maior presença do Brasil em fóruns e encontros internacionais é uma das orientações do governo ao Itamaraty para que o país recupere a posição de destaque no cenário geopolítico. “O Brasil não é um país pequeno. E não pode ser grande apenas pela extensão territorial. O Brasil tem que ser grande porque nós, brasileiros, precisamos acreditar que teremos a importância no mundo que a gente queira ter”, defendeu.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, assegurou que o momento vivido pelo planeta se beneficia das virtudes da profissão perseguida pelos formados. “Capacidade de dialogar, disposição aos estudos cuidadosos das questões, discernimento para separar o essencial do secundário, criatividade na busca de soluções e fortes sentimentos de nossas origens”, sublinhou Mauro Vieira.

Representatividade

A secretária Ana Cecilia Sabba Colares, oradora da Turma, apresentou informações sobre o grupo e fez reflexões sobre o quadro de diplomatas do Itamaraty. “Somos 42% de mulheres, recorde de pessoas negras, em particular, recorde de mulheres negras. Todas as regiões estão aqui representadas, até a Região Norte, tradicionalmente marginalizada dos espaços de poder”, saudou.

“Sim, somos a turma mais diversa e nos enchemos de orgulho disso, mas não podemos olhar para esse número e achar que finalmente conquistamos um Itamaraty plural e diverso. Onde estão os indígenas? Conseguimos realmente incluir pessoas com deficiência? Somos uma tendência ou um ponto fora da curva? Há lugar para mais mulheres de Belém, Paudalho, São Luís do Maranhão, Porto Velho, João Pessoa e Duque de Caxias? Há lugar, pois ainda somos um ministério majoritariamente masculino e branco”, disse a diplomata.

O presidente Lula também celebrou a diversidade de gênero e a representatividade racial da turma recém-formada. “Vocês não imaginam o orgulho que tenho de saber que essa turma é a que tem mais mulheres e mais gente negra. É uma coisa extraordinária, porque assim a gente vai colocando o Brasil em todas as suas representações, em todas as suas instituições”, comemorou.

O embaixador José Maurício Bustani, paraninfo da turma, ressaltou que a diplomacia do atual governo representa um resgate do país à sua condição de nação respeitada internacionalmente. “Essa turma é pioneira na defesa dos direitos humanos, inspiradora na caminhada das mulheres em busca da voz na sociedade brasileira”.