O ex-ministro da Agricultura Neri Geller (PP-MT) disse na coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, que jamais falou que contava com o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para reassumir a pasta no governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Como revelou a coluna nesta sexta-feira (2), a petista ficou surpresa com a afirmação de que ele seria seu candidato. Disse, ainda, que não só não o apoia, como considerou “uma ousadia” Geller alardear que tem o seu endosso.
“Eu nunca falei para ninguém que a Dilma estava me apoiando. Sempre falei que tinha o maior orgulho de participar do governo dela. Resolvemos o contencioso do algodão [em 2014], criamos o maior programa de financiamento de armazenagem da história, criamos o programa de acesso a inovação tecnológica. Muita coisa foi feita”, diz Neri Geller à coluna.
“Agora, eu falar que a Dilma estava me apoiando… Nunca falei nem que seria ministro!”, segue.
Em outubro de 2014, quando Geller comandava a pasta da Agricultura no governo da petista, o Brasil fechou acordo com os EUA para encerrar o contencioso do algodão iniciado em 2002, na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Com isso, o então ministro colocou um ponto final na disputa na qual o Brasil saiu vitorioso ao questionar os subsídios dos Estados Unidos a seus produtores de algodão.
Como mostrou a Folha, Geller é um dos ruralistas mais cotados para assumir o Ministério da Agricultura. O outro candidato para a pasta é o senador Carlos Fávaro (PSD-MT). Ele tem sido apresentado como cota do PSD, de Gilberto Kassab, para a sigla aderir à base de Lula.
Fávaro e Geller se alinharam a Lula e se colocaram como interlocutores do petista com o agronegócio —setor majoritariamente ligado ao bolsonarismo.
O ex-ministro, no entanto, nega que haja qualquer disputa pelo cargo. “Nós estamos participando da transição. Não tem uma vírgula de disputa entre eu e o Fávaro, estamos fechados. Estou falando isso de coração. Desde que apoiamos o Lula no primeiro turno, apoiamos por convicção”, afirma.
“Não tem atropelo, não estou preocupado em ser ministro. Nós estamos cuidando da transição e ajudando agora”, diz ainda. “A gente pode fazer um grande trabalho de interlocução com o setor e ajudar a agricultura brasileira como ajudou no passado.”
Em agosto deste ano, Geller teve o mandato de deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele diz acreditar que conseguirá derrubar a condenação e afirma que a reversão de sua situação é fundamental para que assuma um posto de destaque no próximo governo.