A riqueza familiar global registrou o pior crescimento em 15 anos (desde a crise de 2008), o que contribuiu para que o número de milionários em todo o mundo caísse em 3,5 milhões em 2022. Porém, na contramão, o Brasil viu seu número de milionários crescer 41%, segundo relatório anual do banco UBS.
No final do ano de 2022, segundo Juliana Steil, do Valor, cerca de 59,4 milhões de pessoas eram consideradas milionárias em todo o mundo — ou seja, tinham patrimônio acima de US$ 1 milhão — 3,5 milhões a menos que no ano anterior. O montante atual inclui 4,4 milhões dos chamados “milionários da inflação”, que não se qualificariam no grupo se o valor mínimo exigido fosse ajustado pela inflação daquele ano.
Os dados, que compõem o Global Wealth Report 2023 (Relatório de Riqueza Global 2023, em tradução livre), apontam que o número de super-ricos, com patrimônio acima de US$ 50 milhões, também caiu, com 22.490 membros a menos no ano passado em relação ao anterior.
Na contramão, o Brasil foi o país que mais viu seu número de milionários crescer em números totais, passando de 293 mil membros no grupo para 413 mil — um aumento de 41%. Logo atrás, aparecem o Irã, Noruega, México e Rússia como os países que mais ganharam milionários no último ano.
Inflação e juros altos
Em termos nominais, a riqueza privada líquida caiu 2,4% ano passado, com a perda concentrada em regiões mais prósperas, como América do Norte e Europa, conforme mostrou o relatório. O dólar norte-americano mais forte foi um grande fator que compôs o movimento.
“A evolução da riqueza se mostrou resistente durante a era da covid-19 e cresceu em um ritmo recorde durante 2021. Mas a inflação, o aumento das taxas de juros e a depreciação monetária causaram uma reversão em 2022,” disse Nannette Hechler-Fayd’herbe, chefe global de economia e pesquisa do UBS.
Porém, as expectativas para os próximos anos são positivas. O relatório diz que, apesar da queda no número de milionários em todo o mundo, a riqueza global, que é medida em posses pessoais de ativos — desde imóveis até ações —, deve aumentar 38% até 2027, impulsionada em grande parte pelos mercados emergentes, incluindo os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).