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Alda Santos Cruz, de 95 anos, e Celso Loula Dourado, de 93 anos: candidatos — Foto: Arquivo pessoal e Reprodução/Instagram
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sexta-feira 6 de setembro de 2024 às 13:05h

Número de candidatos com mais de 85 anos cresce, 17 são nonagenários: ‘Velhos são vocês’

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O ano de 1929 é conhecido por muitos eventos históricos: a primeira premiação do Oscar em Hollywood, a formação da aliança que levaria Getúlio Vargas à presidência e, claro, o início da crise econômica nos Estados Unidos conhecida como Grande Depressão. Foi neste ano também que nasceu Alda Santos Cruz, ou Alda Cordelista (PSB-SE) — nome que ela irá portar na urna eletrônica, já que integra a lista dos 17 candidatos nonagenários das eleições municipais de 2024.

— O ser humano é um ser político, nasce político. A maneira como vivi me fez política — declara a candidata a vereadora pela cidade de São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju (SE).

O Brasil viu o número de candidatos com mais de 85 anos crescer de 148, em 2020, para 169, em 2024 — números que excluem os candidatos que apresentaram datas de nascimento distintas em outras eleições —, um aumento de 14%, na contramão da queda geral no número de postulantes.

Para o professor de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Brand Arenari, o aumento está relacionado ao envelhecimento populacional brasileiro.

— O Brasil também teve um aumento muito grande da sua população mais idosa e da expansão de acesso à saúde e a uma série de fatores que permitem que se tenha uma vida, mesmo na fase mais tardia, idosa, com qualidade. Isso impacta toda a sociedade. E, claro, impacta nas eleições também — frisa Arenari.

Dados do último Censo mostram que o total de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil é de 10,9% da população, um avanço de 57,4% em relação ao censo de 2010. O número de idosos no país chegou a 22,1 milhões de pessoas.

Celso Loula Dourado (PT-BA), candidato a vice-prefeito da cidade baiana de João Dourado em chapa com a candidata Rita de Dr. Celso, diz se sentir mais novo que muitos adversários no auge dos seus 93 anos. O professor, que já foi eleito deputado federal pelo estado da Bahia e opositor à ditadura militar, afirma que pretende seguir até o fim no cargo, caso seja eleito.

— Eu sou apaixonado pela política.

Celso Loula Dourado — Foto: Reprodução/Instagram
Celso Loula Dourado — Foto: Reprodução/Instagram

O candidato a vice nasceu em 1931, mas só foi registrado um ano depois. De acordo com ele, foi “escolhido para estudar” pela família e enviado a São Paulo cinco meses após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Dourado afirma que segue na política depois de tantas décadas porque acredita que é preciso “ter coragem” para enfrentar as “árvores perigosas” que se enraízam no cenário político do país.

Foco em projetos para a população idosa e educação

Alda, a candidata do PSB, se apresenta como uma candidata “negra, mulher, idosa e cordelista” e diz que o voto feminino — o qual só foi legalizado três anos após seu nascimento — “chegou tarde”. Além disso, indica que deseja abrir uma porta para outros idosos se candidatarem. Caso seja eleita, ao final do mandato em 2028, Cordelista terá 99 anos.

— Não gostaria de me reeleger, mas deixo uma porta aberta — diz.

Capa de cordel de Alda Santos Cruz — Foto: Arquivo pessoal
Capa de cordel de Alda Santos Cruz — Foto: Arquivo pessoal

Ela aponta que planeja indicar iniciativas para o idoso, se eleita. A professora do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da UFF, Soraia Marcelino Vieira, sinaliza que, conforme a população brasileira envelhece, também aumenta a demanda por projetos de lei e políticas públicas voltadas aos mais longevos.

— Idealmente, o resultado é mais leis e mais políticas voltadas para esse público, mas existem uma série de fatores a serem considerados, como o interesse dos atores políticos, por exemplo — pondera.

Já Dourado — que, caso eleito, terá 96 anos ao fim do mandato — diz que pretende focar na educação:

— A educação é que tem que fazer uma revolução neste país.

Muito bem-humorado e religioso, ele afirma que a fé “não nos deixa ficar velhos” e que ninguém ousa o chamar assim, afinal, “velho rabugento é obra-prima do diabo”.

— Eu não sou velho. Sou novo. Velhos são vocês — garantiu, em meio a risadas.

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