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domingo 5 de setembro de 2021 às 06:08h

Número de brasileiros morando no exterior nunca foi tão grande como agora

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O número de brasileiros morando no exterior nunca foi tão grande como agora. Cresceu 35% entre 2010-2020, passando de 3,1 milhões (exatos 3.122.813) para 4,2 milhões (4.215.800), segundo o mais recente levantamento do Itamaraty. Mas a quantidade de brasileiros em diferentes regiões do mundo pode ser mais do dobro do que aparece nas estimativas oficiais, conforme pesquisadores.

Somente entre 2018 e 2020, a comunidade brasileira no exterior teve oficialmente aumento de 625 mil pessoas, quantidade maior que a população de cidades como Niterói, Caxias do Sul ou Joinville. As partidas continuaram apesar das restrições nas fronteiras causadas pela pandemia de covid-19. E, diferentemente de fluxos migratórios do passado, os que estão partindo agora levam a família, num sinal de que vão para não voltar.

Brasileiros correm cada vez mais risco para sair do Brasil e buscar residência nos Estados Unidos, por exemplo. Apenas entre janeiro e julho deste ano, o serviço americano de Alfândega e Proteção de Fronteiras barrou ou deportou 37.421 brasileiros tentando entrar ilegalmente no país, em uma alta de 938% em relação aos 3.603 no mesmo período do ano passado e um recorde histórico.

Tem tanto brasileiro tomando o rumo dos EUA que o congressista Jody Hice, do Partido Republicano (Geórgia), tuitou no começo de maio: “Cada semana entre 1.200 e 1.500 brasileiros estão voando para Tijuana (fronteira entre México e EUA), mas não é apenas para turismo”.

Mesmo quando são barrados e mandados de volta ao país, ao descer do avião o passo seguinte de parte deles é tentar sair de novo para o exterior, diz a professora Sueli Siqueira, da Universidade Vale do Rio Doce, em Governador Valadares, a terra onde se iniciou a emigração brasileira para os EUA. “Tem família que vende tudo, paga cerca de US$ 12 mil para o agenciador para tentar passar a fronteira”, relata.

Essa situação se explica em uma palavra: desesperança. “O emigrante brasileiro está descrente do Brasil, com a sensação de que o país não vai dar certo e que ele não tem perspectiva de melhorar de vida”, diz o professor Eduardo Picanço Cruz, da Universidade Federal Fluminense, que fez pesquisas com expatriados na Austrália, Canadá, França, Portugal, Suíça e Estônia. “A questão crucial de nossa diáspora tem a ver com causa repulsiva da origem, mais que com causa atrativa do lugar para ir.”

“Quem sai do Brasil com a família é um sinal de que não tem intenção de voltar, ou seja, não vai apenas fazer um pé-de-meia como antes”, afirma Maxine Margolis, professora emérita de antropologia na Universidade da Flórida e pioneira no estudo sobre brasileiros nos EUA. Ela publicou “Little Brazil” em 1994, sobre a comunidade brasileira em Nova York, “A minoria invisível” em 2009 e “Goodbye Brazil” em 2013.

A comunidade brasileira no exterior fez remessas de US$ 30,5 bilhões (R$ 171 bilhões) para o Brasil entre 2010-2020, segundo o Banco Mundial. Em 2020, mesmo com os problemas causados pela pandemia, o volume chegou a US$ 3,6 bilhões, ou 10,9% a mais que no ano anterior.

As remessas do exterior bateram recorde no primeiro semestre deste ano, somando US$ 1,9 bilhão. O dinheiro veio sobretudo de expatriados nos EUA (US$ 946 milhões), Reino Unido (US$ 370,4 milhões) e Portugal (US$ 101,3 milhões).

O Brasil é um país que sempre recebeu imigrantes. Mas, no começo dos anos 1980, milhares de brasileiros começaram a partir para o exterior. Nos EUA, o número de brasileiros é oficialmente de 1.775.000, ou 42% do total no exterior. A maior comunidade, de 450 mil, fica na jurisdição do consulado em Nova York. Até a metade dos anos 1980, o boom migratório para os EUA coincidiu com mais dificuldades da economia brasileira.

A emigração de pessoas da classe média ganhou volume, tornou-se visível e os estudiosos começaram a estudar o tema. As comunidades brasileiras se estruturam bem nos EUA, com comércio, igrejas, associações, rádio etc.

Esse fluxo de ir e vir continuou, em meio à chamada cultura migratória e à ideia de que o estilo de vida americano é o máximo o que se pode conquistar. Muitos que partem não falam uma palavra de inglês, mas têm conexões, como um parente nos EUA, que possibilitam a ida.

Com a crise imobiliária nos EUA, que provocou a grande crise financeira global de 2009-10, o fluxo de ida diminuiu, mas não secou. E entraram em ação famílias transnacionais. O pai e a mãe, ilegais nos EUA e temerosos de sair e não poder entrar de novo naquele país, passaram a mandar os filhos com passaporte americano vir ao Brasil para visitas a parentes.

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