A investigação que levou a Polícia Federal (PF) a abrir a Operação Match Point nesta quarta-feira (12) de acordo com Rayssa Motta e Fausto Macedo, do Estadão, teve início com a descoberta de um galpão alugado no aeródromo de Porto Belo, em Santa Catarina.
A PF descobriu uma organização criminosa que importava e exportava maconha, cocaína e haxixe e teria movimentado mais de R$ 150 milhões. O tráfico de drogas era operado não apenas em aviões, mas também por rodovias e até em veleiros.
“Esses veleiros vêm da Europa, carregam haxixe na costa africana e acabam desembarcando no Nordeste do Brasil”, explica o delegado Nelson Luiz Confortin Napp, responsável pela investigação.
O núcleo identificado em Santa Catarina seria responsável por lavar o dinheiro do tráfico por meio da compra e da construção de imóveis.
A Justiça Federal autorizou o bloqueio das contas bancárias de 43 pessoas e o sequestro de carros de luxo, três veleiros, duas lanchas, além de 57 imóveis, entre pousadas, apartamentos e casas.
A atuação, no entanto, não ficava restrita ao Sul do País. Ao longo da investigação, a PF descobriu o envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro.
Os investigadores também frustraram tentativas de comércio de drogas com criminosos do Uruguai. A PF trabalha em cooperação com a Itália e com a Islândia. Um islandês, apontado como líder do esquema, foi preso.
Outros 27 investigados também foram detidos preventivamente. A PF ainda prendeu um homem em flagrante. Outros seis suspeitos são considerados foragidos. “Dois estão no estrangeiro, provavelmente em países europeus”, informou a corporação.
Os policiais também cumpriram 49 mandados de busca a apreensão em nove Estados: Santa Catarina (10), São Paulo (13), Rio de Janeiro (12), Minas Gerais (6), Bahia (3), Paraíba (1), Rio Grande do Norte (2), Pernambuco (1) e Goiás (1). Mais de R$ 2,3 milhões em dinheiro vivo foram apreendidos. A maior apreensão foi em Limeira (SP), onde a PF encontrou R$ 1,4 milhão.
Os investigados podem responder por tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.