Obra de R$ 783 milhões leva água por 30,4 km em área historicamente afetada pela seca
- Trecho 4, realizado pela OEC, foi inaugurado nesta quinta-feira (dia 13)
- Planejamento e execução da obra mitigaram impacto ambiental na região com aproveitamento de resíduos
Mais de 200 mil brasileiros já estão se beneficiando do Trecho 4 do Canal do Sertão Alagoano, por onde as águas do rio São Francisco escorrem, ao longo de 30,4 km, desde o município de Senador Rui Palmeira até o de São José da Tapera, área historicamente afetada pela seca. Na quinta-feira (13), o Trecho 4 foi inaugurado oficialmente.
Entregue pela OEC (Odebrecht Engenharia e Construção) à Secretaria de Infraestrutura de Alagoas, contratante, o Trecho 4 beneficia uma área predominantemente agrária, que sofre rotineiramente com a falta de água e ainda amarga os efeitos da seca de 2017, a pior dos últimos 50 anos.
Para a região, a obra também funcionou como um vetor de trabalho e renda: empregou, em média, 530 pessoas por mês. O empreendimento recebeu investimento de R$ 783 milhões, do Ministério do Desenvolvimento Regional, que foram geridos pela secretaria alagoana.
Sertão alagoano abastecido
O Canal do Sertão, quando estiver todo pronto, se estenderá por 250 km, abastecendo 42 cidades no interior de Alagoas e beneficiando mais de um milhão de pessoas.
Sua trajetória começa com a captação de água do Rio São Francisco, na estação elevatória do reservatório de Moxotó, no município de Delmiro Gouveia. Represada, a água sobe 38 metros em relação ao nível do Velho Chico. E, a partir daí, corre sertão adentro, impulsionada apenas pela força da gravidade, com previsão de chegar até Arapiraca.
Construído em concreto impermeabilizado, o canal tem formato trapezoidal (como um trapézio invertido) na maior parte de sua extensão. Mas, em alguns trechos, o canal passa por aquedutos e túneis. Com três adutoras – do Alto Sertão, da Bacia Leiteira e Sistema Adutor do Agreste -, a obra entregue distribui água para outros municípios.
“Entregar uma obra desta magnitude proporciona uma incrível satisfação profissional e, ao mesmo tempo, o estímulo para seguirmos realizando empreendimentos que melhoram a qualidade de vida das pessoas”, conta Henrique Paixão, engenheiro da OEC, comemorando: “Vencemos todos os desafios de engenharia que a obra impôs”.
Concepção verde
O cuidado com o melhor aproveitamento dos materiais, evitando desperdícios, permeou a obra do Trecho 4 desde o seu planejamento. Do beneficiamento (transformação em brita de diversas granulagens) de 270 mil metros cúbicos de rocha, foi usada a totalidade dos produtos e subprodutos, reduzindo o impacto ambiental na região e evitando a necessidade de tratamento para a destinação final. “O pó de pedra e os rejeitos foram aproveitados no cimento solo e no revestimento primário”, conta o gerente de produção Omar Barreto.
Combate à seca
Alagoas é o Estado brasileiro com a maior densidade populacional no semiárido. O Canal do Sertão materializa políticas públicas de reação à seca e apoia o avanço de culturas irrigadas de pequenos e médios produtores. Seu legado deve ocasionar a transformação na vida de todos que habitam a região.
“Há um potencial a ser explorado na região quando a água viabilizar as áreas irrigadas. As comunidades certamente terão sucesso com fruticultura e criação de gado leiteiro, e essa riqueza é uma mudança de patamar de vida para a população que convive com a seca”, comenta o engenheiro Henrique Paixão.