“O essencial é invisível aos olhos”, diz Saint-Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe. E essa frase se aplica completamente ao apresentar a terceira geração do Porsche Panamera. Afinal a mudança visual foi discreta, mas é atrás de cada uma das rodas que a marca revolucionou o sedã esportivo.
Batizado de Porsche Active Ride, trata-se de um sistema de suspensão revolucionário que pode fazer o sedã contornar curvas como uma moto e até se tornar um SUV para facilitar a entrada no carro. Tanta versatilidade só é possível porque seus amortecedores são capazes de reagir em tempo real às condições do piso e da carroceria.
É uma evolução da suspensão pneumática ativa que só foi possível pela arquitetura de 400V, que só está presente nos modelos híbridos plug-in. É a combinação de uma mola pneumática de câmara única com amortecedores ajustáveis, cada um com sua própria bomba hidráulica de 400V que pode mudar seus parâmetros 13 vezes por segundo.
Os amortecedores são equipados com duas válvulas, uma para compressão e outra para retorno e é a bomba hidráulica quem atua para levantar, abaixar e inclinar a carroceria, devidamente comandada por uma central eletrônica dedicada com base nas informações de acelerômetros e sensores de posição. O Active Ride elimina até a barra estabilizadora.
Como Porsche Active Ride se comporta na pista
Estamos falando de um sedã esportivo e nada melhor do que testá-lo na pista até como uma forma de avaliar todo o potencial do novo sistema de suspensão. Já na primeira curva é intrigante o quanto que a carroceria não rola nem um centímetro mesmo a contornando a cerca de 90 km/h.
O Active Ride é capaz de reduzir a altura da carroceria em 2,5 cm só de um lado, se necessário, a fim de aumentar a aderência contribuindo para a estabilidade da carroceria. É possível fazer uma analogia com a forma que as motos contornam curvas. Essa compensação torna o contorno ainda mais seguro e divertido e permite, inclusive, vencer as curvas em velocidades ainda mais elevadas.
O sistema também desafia as leis da física ao controlar a inclinação da carroceria tanto na frenagem quanto na aceleração, pois compensa em até 3º o movimento para frente ou para trás. Tudo para que a carroceria se mantenha em 90º.
E essas inclinações não chegam a ser perceptíveis no quick down do acelerador ou mesmo em uma frenagem de emergência, mas fica claro que trata-se de uma estabilidade sem precedentes nessas condições.
Quando disse que o Porsche Panamera pode se parecer com um SUV me refiro a capacidade do Active Ride em elevar o carro em 5,5 cm para facilitar a entrada ou saída do sedã. Basta abrir a porta e a suspensão automaticamente se eleva para tornar o acesso mais tranquilo.
Independente da versão, o motor a combustão é um V6 2.9 biturbo. No Panamera 4 E-Hybrid gera 304 cv e é combinado ao novo motor elétrico de 190 cv integrado ao câmbio PDK, de dupla embreagem e 8 marchas. A potência combinada é de 470 cv e o torque é de 66,3 kgfm. Com isso, a versão 4 E-Hybrid acelera de zero a 100 km/h em 4,1 segundos e atinge velocidade máxima de 280 km/h.
Já o Panamera 4S E-Hybrid eleva a potência do motor a combustão para 353 cv para obter a potência máxima de 544 cv e torque de 76,5 kgfm. Por isso é mais rápido: acelera de zero a 100 km/h em 3,7 segundos e atinge uma velocidade máxima de 290 km/h.
A evolução do motor elétrico (antes tinha só 136 cv) vem acompanhada de uma nova bateria com 25,6 kWh, 45% mais energia ocupando praticamente o mesmo espaço de antes. Permite rodar até 56 km em modo elétrico (PBEV) e recarrega em 2h39 a 11 kW. O carro acompanha o carregador Wallbox e a Porsche banca a instalação e até mesmo o estudo de carga no local escolhido pelo proprietário.
Mudanças discretas no visual
É uma nova geração, mas com mudanças mais discretas no visual. As tomadas de ar dianteiras estão mais quadradas e os faróis LED Matrix Design (também mais quadrados) agora são equipamento padrão em todos os modelos. Ainda tem uma entrada de ar adicional acima da placa dianteira.
As janelas laterais têm novo formato, mais sedã, e tem novas lanternas com efeito tridimensional em dois níveis que conferem ainda mais sofisticação para o novo Panamera.
Por dentro, há um novo console central porque o seletor de marcha foi deslocado para uma posição entre o quadro de instrumentos de 12,6 polegadas e a central multimídia.
Ainda tem um display de 10,9″ para o passageiro, que custa R$ 5.881, que inibe a visualização por parte do motorista e permite que ele veja dados de desempenho do veículo e altere configurações da tela central.
O Panamera 4 E-Hybrid parte dos R$ 803.000 e o 4S E-Hybrid dos R$ 922.000. Mas o sistema Porsche Active Ride é um opcional que custa R$ 57.494 extras. Trata-se do preço de um carro seminovo no mercado, mas convenhamos que se é para ter a terceira geração do Panamera que seja com esse sistema de suspensão que traz uma dinâmica única.
Ficha Técnica – Porsche Panamera 4S E-Hybrid
Motor: gasolina, dianteiro, longitudinal, V6, 2.894 cm³, 353 a 6.000 rpm, 51 kgfm a 1.900 rpm; elétrico de 190 cv e 45,9 kgfm; potência combinada, 544 cv; torque combinado, 76,5 kgfm
Câmbio: automatizado, 8 marchas, tração integral
Direção: elétrica, 11,9 m (diâmetro de giro)
Suspensão: pneumática, Duplo A (diant.), multilink (tras.)
Freios: discos ventilados
Pneus: 275/40 R20 (diant.) 315/35 R20 (tras.)
Peso: 2.255 kg
Dimensões: comprimento, 505,2 cm; largura, 193,7 cm; altura, 142,3 cm; entre-eixos, 295 cm; porta-malas, 585 l, tanque, 80 l