Enquanto esteve à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-ministro Sergio Moro nunca escondeu de pessoas próximas segundo a coluna de Bela Megale no O Globo, que o então Secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, era uma de seus maiores desafetos. Ontem, Torres foi anunciado pelo Palácio do Planalto como novo chefe da pasta ocupada até abril do ano passado pelo ex-juiz Moro.
Nos bastidores,Sergio Moro disse a mais de um aliado que, na verdade, o “sonho” de Anderson Torres sempre foi ocupar o seu lugar no ministério.
Em seu discurso de demissão, no ano passado, Moro se referiu a Torres como um delegado da Polícia Federal que “passou mais tempo no Congresso Nacional” do que atuando na corporação. A declaração foi feita quando o delegado passou a ser um dos cotados para assumir o comando da PF no lugar de Maurício Valeixo.
Moro também demonstrou grande descontentamento com o então secretário do DF, em janeiro do ano passado, quando o nome de Tores apareceu como opção para assumir a pasta de Segurança Pública, caso o ministério fosse desmembrado. O ex-juiz deixou claro que pediria demissão se isso acontecesse.
Outro momento de desgaste entre Moro e Torres ocorreu devido a uma solicitação do então chefe da PF, Maurício Valeixo, para que delegados lotados em outros órgãos estaduais voltassem a atuar na corporação. Torres criticou a iniciativa e disse que não retornaria. Ele já atuava como secretário de Segurança Pública do DF. Logo em seguida, Moro emitiu uma nota para afirmar que o nome do secretário não constava nessa lista, ou seja, que o pedido nem se referia a ele.
A troca de farpas entre ambos ocorreu ainda quando o Ministério da Justiça transferiu para o presídio federal de Brasília chefes do crime organizado. A iniciativa de Moro foi alvo de críticas públicas por Torres à decisão do ministério.