Acidente aconteceu menos de uma semana após outra ocorrência grave na Refinaria Gabril Passos (Regap) em Betim em Minas Gerais. A Sindipetro MG denuncia riscos causados por redução drástica dos efetivos e pela precarização do trabalho em meio ao processo de privatização da unidade
No dia 23 de julho, foi registrado mais um acidente na Regap. Uma gaveta da 03-P-08B instalada na subestação PT-02 explodiu. Ainda não se sabe ao certo a causa do incidente, mas as evidências indicam que vários sistemas de proteção não funcionaram como deveriam. O incêndio provocou a atuação da proteção de outros painéis elétricos, levando a parada do CCF1 em emergência, agravando assim o cenário de risco na refinaria.
“A bomba 03-P-08A, que seria a reserva da bomba que tripou, estava com indicação que só poderia funcionar em emergência. Casos como este expõem a precarização da manutenção, que coloca todo o pessoal e o entorno em risco”, alerta Alexandre Finamori, coordenador do Sindipetro MG .
Essa situação é muito grave e poderia ter sido evitada.O equipamento está atualmente instalado numa dupla de painéis ainda remanescentes da época de construção do CCF-01, espaço conhecido por “Corredor da Morte”. O apelido é devido à disposição das gavetas, feitas apenas para garantir o funcionamento dos equipamentos a qualquer custo, com pouca ou nenhuma segurança para pessoas, ideia comum daquela época. A solução para evitar esse risco parece próxima. Segundo o sindicato apurou, o painel novo, que substituirá o ‘Corredor da Morte’, está montado ao lado, porém a obra está parada.
O que aconteceu depois e o que está em risco
Após a ocorrência, foi realizada uma limpeza e testes do painel, para colocá-lo em operação novamente. Isso foi feito mesmo sem que suas grandezas elétricas se enquadrassem nos limites seguros aceitáveis, o que a idade dele já não permite mais alcançar. Algumas gavetas permanecem ainda fora devido ao evento.
Mesmo com os altos riscos envolvidos e a necessidade de experiência e qualificação, a gerência da Regap pretende tirar os especialistas em energia elétrica da operação nas subestações e passar para outros operadores.
Redução drástica de efetivos eleva riscos de acidentes em refinarias da Petrobras
O Arex é conhecido por atender uma rotina relacionada à água potável, água da barragem de Ibirité e inspeções nas dezenas de subestações e casas de controle da refinaria. Além disso, ele libera permissões de trabalho e atende manobras elétricas em toda área da refinaria, incluindo a barragem de Ibirité e, eventualmente, o terminal de Imbiruçu.
Centenas de equipamentos, com algumas décadas de diferença de idade entre eles, estão sob sua responsabilidade e as solicitações de atendimentos são inúmeras. No cenário da refinaria com investimento reduzido, o que se traduz em sucateamento, a demanda pelo Arex cresce tanto em número quanto no tempo necessário para a conclusão de cada serviço.
Alta gerência da Petrobras visita refinaria após série de ocorrências, mas gerência local mascara problemas
Nos últimos meses, foram vários acidentes envolvendo riscos graves. A redução de efetivo e a precarização da manutenção pioram a situação. “Percebemos que está se repetindo o modus operandi da década de 1990, quando FHC fez de tudo para privatizar a Petrobras. É a cartilha: precarizar pra vender barato”, critica Alexandre Finamori.
Um dos últimos acidentes – o vazamento do dia 17 de julho – foi tema de uma matéria da Record. Depois disso, a alta gerência da Petrobras começou uma série de visitas na refinaria. Foram feitos alguns consertos dos problemas mais visíveis, mas os mais graves continuaram lá.