Jazi Mota, nova secretária de Mulheres do PT Bahia, eleita para o cargo de um ano em uma candidatura para um mandato de gestão compartilhada com Brisa Moura, Sara Prado e Liliane Oliveira, tem como meta, no seu tempo à frente da Secretaria, aumentar a participação feminina na política. Ex-vice presidente do PT Municipal de Santa Cruz Cabrália e presidenta do Diretório em exercício, agora como secretária Jazi quer elevar o número de candidaturas a cargos eletivos de deputadas federais e estaduais em 2022 para criar uma maior representatividade feminina e estimular ainda mais a ocupação de espaços de poder pelas mulheres.
Militante do movimento Sem Terra há 22 anos e filiada ao PT há quase dez, Jazi dedicou metade de sua vida à luta pela inclusão social e igualdade de gênero. Foi no ensino médio, em uma escola de ensino público da cidade de Porto Seguro que conheceu a Pastoral da Terra. Se apaixonou pela militância e hoje, aos 40 anos, tem a mesma disposição de quando ainda era uma estudante do ensino para tentar construir uma sociedade, a partir da sua atenção no PT, em que as mulheres tenham uma participação de verdade, lutando contra o machismo, sexismo e misoginia enraizadas.
“Queremos uma participação equitativa na luta, garantindo paridade com condições igualitárias nas discussões, nas instâncias. Embora a Secretaria de Mulheres do PT tenha cumprido durante todos esses vinte anos um papel muito importante no fortalecimento dessas discussões, podemos avançar mais”, afirmou Jazi. A nova secretária diz que embora as mulheres sejam a maioria do eleitorado brasileiro, a participação feminina não chega a 10% na política do país tanto na disputa quanto na conquista de cadeiras. “A nossa representatividade nos espaços de poder e de governabilidade do Brasil ainda é pequena. Além disso, temos de enfrentar a violência de gênero, mesmo as companheiras que conseguem ocupar e adentrar esses espaços sofrem com situações como esta”, afirmou.
Jazi afirmou, no entanto, que o Partido dos Trabalhadores tem se empenhando para transformar essa realidade. O programa Elas por Elas, por exemplo, turbinou a candidatura de mulheres do Partido em todo o Brasil, com mais de dez mil postulantes em 2020, ampliando o número de eleitas em mais de 20%. Enquanto em 2026 foram 519 eleitas entre vereadoras, prefeitas e vices, esse número aumentou para 639 em 2020, sendo o PT, no campo progressista, a legenda que foi o que mais elegeu mulheres no ano passado. “O Elas por Elas garantiu que as candidaturas femininas sejam reais. Às vezes esses 30% destinado à participação feminina na política do Brasil são só para cumprir cotas, sem possibilidade de se ter podem candidaturas com condições reais pra ocupar esses espaços e o PT, com o nosso programa, tem tentado mudar e conseguido cumprir essa difícil tarefa”.
Interiorização e luta das camponesas
A eleição de Jazi, moradora de Santa Cruz Cabrália, cidade do Extremo Sul do estado, é uma demonstração do empenho do PT e das mulheres do Partido de interiorizar o debate da Secretaria de Mulheres. “Diversas companheiras dos municípios do interior da Bahia são atuantes no Partido e estão no dia a dia da luta, se colocando na ponta para construir o partido nos municípios pequenos, se desafiando a disputar espaços eletivos como vereadoras e prefeitas. Ser do interior foi de fato o que fez a diferença na eleição dos Setoriais, porque vimos em várias regiões o desejo das mulheres se sentirem representadas”, disse Jazi, que também é dirigente estadual do MST como coordenadora de gênero.
No interior, onde estão as mulheres que tiram seu sustento da terra trabalhando no campo, a eleição de Jazi, como dirigente do MST, fortalece também a construção do feminismo camponês. “Vamos estimular ainda mais a luta das mulheres Sem Terra e camponesas e, como a gente sempre atuou no PT a partir da EPS (Esquerda Popular Socialista) pra disputar esse espaço, entendemos a importância da conjuntura, do desafio de esquerda, sobretudo na intensificação do diálogo com os movimentos populares”, afirmou. Jazi destacou ainda como importante a atuação de mulheres que há muito tempo se dedicaram e se dedicam pela igualdade de gênero. “Muitas que vieram antes de nós iniciaram essa luta. Construir e fortalecer o feminismo é desafiador numa sociedade patriarcal que quer que as minorias existam e sejam desprovidas de direitos, mas o feminismo está avançando e são as mulheres que bateram o pé na porta para conquistar e consolidar esse espaço”.