O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin 9PSB), afirmou em entrevista a Estevão Taiar e Andrea Jubé, do jornal Valor, que a nova política industrial poderá ter mais do que os R$ 300 bilhões previstos inicialmente. “Estamos falando de R$ 75 bilhões por ano. Se puder crescer, ótimo”, disse nesta quinta-feira (25).
Ele citou como exemplo de “medida inteligente” e que “não tem dinheiro público” o financiamento para exportações realizado em dólar pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Alckmin destacou que, por ter uma proteção cambial natural (“hedgeada”), a linha permite que os juros sejam de 6% ao ano.
Reação negativa do mercado foi ‘desinformação’
Alckmin minimizou, na entrevista exclusiva ao Valor, a queda da bolsa após a divulgação da nova política industrial na segunda-feira (22). Ele ressaltou que o movimento foi revertido após mais explicações detalhadas sobre o plano.
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“Foi desinformação”, alegou Alckmin. “Tanto é que depois nós fizemos uma rodada de explicações e a bolsa subiu”, complementou. Ele observou que o plano foi interpretado, inicialmente, como uma “proposta gastadora do ponto de vista fiscal”, o que seria equivocado.
“Ela [proposta] não tem nenhum problema de natureza fiscal, o foco não é esse”, rechaçou. “Ninguém tem mais compromisso com a responsabilidade fiscal do que eu”, ressaltou. Alckmin argumentou que a preocupação do plano era “não onerar o fiscal” para estimular setores específicos. “Estamos fazendo políticas horizontais”, justificou.
O titular do Mdic ressaltou que o governo não fará aporte no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nem vai comprar ações de empresas. “O BNDES não vai distribuir dinheiro por TJLP, isso não existe”, acrescentou.
Alckmin ainda argumentou que o plano Nova Indústria Brasil foi anunciado numa conjuntura macroeconômica favorável, com “ganhos competitivos, juros ainda altos, mas em queda e, de outro lado, a reforma tributária”.
‘Cautela’ com entrada de setores na nova política
O vice-presidente afirmou na entrevista que “é preciso ter cautela” com políticas industriais. Na quarta-feira (24), o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o Brasil precisa “voltar a produzir navios”.
“Política industrial precisa ser calibrada”, disse Alckmin nesta quinta-feira, ao ser questionado sobre as declarações de Mercadante e o risco de setores específicos fazerem pressão para entrar na nova política industrial.
O vice-presidente defendeu que “é necessário aproveitar as nossas vantagens comparativas”, citando a agroindústria como exemplo. Mas também disse que “não podemos criminalizar estímulos” para novas tecnologias, afirmando que benefícios dados anteriormente às energias solar e eólica permitiram a queda dos preços em ambos os setores.
Alckmin elegeu ainda como “maiores dificuldades” os “maiores déficits [setoriais da balança comercial”, que são tecnologia da informação e saúde. “Não vamos zerar, mas precisamos diminuir o déficit da balança de saúde”, disse.