O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2023 reconhece dois pesquisadores por suas descobertas fundamentais que permitiram criar as primeiras vacinas de RNA da história, as mesmas que ajudaram a conter a pandemia de Covid-19.
A húngara Katalin Karikó e o americano Drew Weissman são os laureados do 114º ano da distinção, anunciou nesta segunda, 2 de outubro, o comitê do Nobel do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia.
Os vencedores trabalharam juntos na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, onde desenvolveram os estudos sobre o RNA que resultaram em aplicações clínicas. Além de vacinas, seu trabalho abre uma avenida para novos tratamentos, inclusive contra o câncer.
O trabalho dos dois cientistas permitiu compreender melhor como moléculas de RNA participam do comando de instruções que transformam as coordenadas dos genes em proteínas. E deram um passo além: desvendaram uma forma de interferir nessa história para inserir RNAs específicos no corpo humano a fim de obter algum objetivo específico, como prevenir doenças ou tratá-las.
Essa sacada, parte de um trabalho de três décadas, permitiu que, em 2020, cientistas na Alemanha e nos EUA utilizassem uma tecnologia até então inédita para criar uma nova geração de imunizantes. No caso, eles entraram em cena para conter uma pandemia em curso.
Assim nasceram as vacinas da Pfizer e da Moderna, baseadas em RNA mensageiro, desenvolvidas e aprovadas em tempo recorde, como ressaltou o anúncio do Nobel. Os imunizantes salvaram milhões de pessoas pelo mundo – feito que remonta ao trabalho de Karikó e Weissman.
Hoje a mesma tecnologia é estudada para produzir vacinas contra outras infecções e servir de tratamento para enfermidades como o câncer.
Os dois laureados dividirão um cheque de 11 milhões de coroas suecas (algo em torno de 5 milhões de reais). Nos próximos dias, serão anunciados os prêmios de física, química, literatura, paz e economia.
No ano passado, o vencedor em Fisiologia ou Medicina foi o sueco Svante Pääbo, por suas descobertas genéticas sobre os ancestrais dos hominídeos, um capítulo crucial para o entendimento da evolução humana.
Em sua primeira edição, em 1901, o prêmio foi concedido ao alemão Emil von Behring por suas pesquisas que possibilitaram a criação de um soro contra a difteria, um martírio letal à época.