Cargos de liderança são desafios para mulheres, já que são dados, em maioria, para homens, seja por consequências históricas em que a desigualdade de gênero é alta, ou por engessamento do mercado de trabalho. No Brasil, por exemplo, a realidade não é diferente: uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, empresa global de auditoria, mostra que as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no país.
Porém, o espaço de liderança é um desafio, principalmente na medida em que as mulheres são cobradas mais diante dos preconceitos de gênero – e também de raça e orientação sexual. Uma pesquisa global da Deloitte aponta que 46% das mulheres estão sofrendo de burnout – distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante.
Nos últimos meses, não foram poucos os casos em que, por razões diversas, as líderes mulheres tiveram de abandonar a posição. Veja abaixo exemplos de mulheres que se afastaram do mercado e de suas profissões:
Jacinda Ardern, ex-primeira ministra da Nova Zelândia
A premiê declarou que esteve de férias, com foco em descansar e ‘encontrar energia’ para seguir no cargo. “Mas, infelizmente, não consegui e eu estaria prestando um péssimo serviço à Nova Zelândia se continuasse no cargo”, disse ela. Jacinda sofria com ‘crescentes pressões políticas internas e um nível de críticas de parte da oposição’ na Nova Zelândia.
Liz Truss, ex-primeira-ministra do Reino Unido
A conservadora assumiu o posto de primeira-ministra do Reino Unido em setembro de 2022, e renunciou após apenas seis semanas. Liz foi a primeira a pessoa a ocupar o cargo por menos tempo na história britânica.
Em pronunciamento, Liz reconheceu não poder cumprir as promessas que fez quando estava concorrendo à liderança conservadora. “Assumi o cargo em um momento de grande instabilidade econômica e internacional. Famílias e empresas estavam preocupadas em como pagar suas contas, a guerra ilegal de Putin na Ucrânia ameaça a segurança de todo o nosso continente, e nosso país tem sido prejudicado há muito tempo pelo baixo crescimento econômico”, disse.
Christine Ourmières-Widener, ex-CEO da Tap
A demissão de Christine Ourmières-Widener foi anunciada nesta segunda-feira (6). Ela e outro diretor foram chamados a sair após a Inspeção Geral de Finanças (IGF) identificar irregularidades na gestão da companhia. Alexandra Reis, ex-integrante do conselho de administração da TAP, teria recebido uma indenização turbinada quando saiu da companhia.
Segundo declaração de Christine ao portal Expresso, ela queixa-se de ter sido a “única pessoa” a não ser ouvida pela IGF, e não afasta eventuais “consequências legais” desse “comportamento discriminatório”.
Anna Christina Saicali, ex-conselheira da Americanas
Em meio ao rombo e endividamento de mais de R$40 bilhões da Americanas SA, um time do conselho administrativo da varejista foi demitido. Na lista, aparecia Anna Christina Saicali, que ocupava cargo de diretora estatutária. O fato, ocorrido em fevereiro deste ano, veio na esteira de contratações que a empresa fez de perícias para apurar o rombo anunciado ainda em janeiro.
“Várias medidas foram implementadas com o objetivo de garantir a integridade da preservação de informações e documentos da Companhia, tudo com o objetivo de contribuir plenamente com as apurações em curso e autoridades envolvidas”, informou o documento sobre o afastamento da equipe.
Lisa Baird, ex-comissária da NWSL
Lisa Baird renunciou ao cargo de comissária da Liga Nacional de Futebol Feminino (NWSL), dos EUA, após a alegações de coerção sexual e abuso pelo ex-gerente do North Carolina Courage, Paul Riley. Lisa ficou menos de 1 ano no cargo, saindo em outubro de 2021. O jogador de 58 anos negou as acusações e foi demitido de seu cargo.
“Esta semana, e grande parte desta temporada, foi incrivelmente traumática para nossas jogadoras e equipes, e eu assumo total responsabilidade pelo papel que desempenhei. Lamento a dor que tantos estão sentindo. Reconhecendo esse trauma, decidimos não entrar em campo neste fim de semana para dar algum espaço para refletir”, declarou a comissária na época.
Elizabeth Holmes, ex-empresária
Ex-CEO da empresa de laboratórios Theranos, Elizabeth Holmes foi condenada por pelo menos 4 crimes envolvendo fraudes. A então empresária fundou seu negócio milionário aos 19 anos, prometendo revolucionar o mercado de exames laboratoriais.
O departamento de Justiça afirmou que Holmes e outro líder da empresa planejaram fraude contra investidores, médicos e pacientes a partir de falsas alegações sobre a capacidade tecnológica da empresa. A Theranos, antes do escândalo, tinha US$945 milhões de investidores, e chegou a ser avaliada em US$ 9 bilhões.