A ex-ministra das Finanças nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, de 66 anos, será a primeira mulher e a primeira africana a se tornar diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ela foi anunciada como a nova representante da instituição nesta segunda-feira (15) durante uma reunião virtual.
Como diretora-geral da instituição, uma posição que exerce poder formal limitado, a nigeriana precisará intermediar as negociações comerciais internacionais, em face da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Ela também terá o desafio de responder à pressão para reformar as regras comerciais e combater o protecionismo intensificado pela pandemia de covid-19.
Ela, que foi ministra das Finanças de seu país por duas vezes, vai substituir o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, que estava no posto desde 2013, mas deixou a OMC e hoje é vice-presidente-executivo e diretor de Relações Corporativas da PepsiCo. Os membros da OMC consideravam oito candidatos para o cargo.
Em seu discurso, a ex-ministra disse que conseguir um acordo comercial na próxima reunião seria a “prioridade máxima” e também pediu aos membros da organização que rejeitassem o nacionalismo da vacina contra a covid-19. A economista também disse que ficou honrada por ter sido selecionada e trabalharia com os países membros da organização para tratar de questões de saúde causadas pela pandemia e “fazer a economia global funcionar novamente”.
“Uma OMC forte é vital, se quisermos nos recuperar completa e rapidamente da devastação causada pela pandemia de covid-19”, disse Okonjo-Iweala. “Nossa organização enfrenta muitos desafios, mas trabalhando juntos podemos tornar a OMC mais forte, mais ágil e mais bem adaptada às realidades de hoje.”
No mesmo discurso, ela descreveu os desafios a enfrentar como “numerosos e complicados, mas não intransponíveis”. Ela deve começar em 1.º de março seu mandato — que termina em 31 de agosto de 2025, mas pode ser renovado.
Em outubro, a maioria dos países havia anunciado seu apoio à nigeriana. Mas os funcionários do governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que não conseguiu ser reeleito no ano passado, expressaram apoio à ministra do Comércio da Coreia do Sul, Yoo Myung-hee. Com o início do mandato do democrata Joe Biden, no entanto, a sul-coreana retirou sua candidatura.
O delegado dos EUA na OMC disse que Washington estava empenhada em trabalhar estreitamente com a nova diretora e que o país será um “parceiro construtivo”. O representante da China prometeu “total apoio” à nova diretora.