Em sessão especial concorrida e bem-humorada, que contou com a presença maciça de profissionais da comunicação baiana, na manhã desta quinta-feira (14), o jornalista, publicitário, escritor e pesquisador colombiano, Nelson Varón Cadena, recebeu o Título de Cidadão Baiano, da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), proposto pelo deputado Robinson Almeida, líder da Federação PT, PC do B e PV.
Comandada pelo proponente da honraria, a mesa foi composta pelo secretário estadual de Comunicação da Bahia, André Curvello; o ex-deputado Emiliano José, o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques; o presidente da Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro; o presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Joaci Góes; o arquiteto, historiador e imortal da Academia de Letras da Bahia, Francisco Senna; o presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade da Bahia (Abap-BA), Américo Neto; a conselheira do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia (Sinapro-BA), Vera Rocha; o presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC), Roberto Sá Menezes; o diretor financeiro da Central de Outdoor, Pedro da Rocha; o presidente do Sindicato das Empresas de Publicidade de Exteriores, Ivan Lopes; o representante da ABMP e do Grupo Aratu, João Gomes; e o desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia, Lidivaldo Britto.
Na cerimônia, Robinson Almeida exaltou a contribuição de Cadena para a atividade jornalística, para a produção cultural e para a preservação e valorização da história da Comunicação na Bahia. “Nos 18 livros e mais de 3 mil artigos, crônicas e colunas que escreveu, o trabalho de Cadena é fonte inesgotável desse conhecimento que ajuda a preservar a memória desse importante instrumento para a civilização e para a democracia, que é a Comunicação”, colocou.
Entre as produções literárias do homenageado, o parlamentar citou os livros “Brasil 100 anos de Propaganda”, “450 Anos de Propaganda na Bahia”, A Cidade da Bahia” e “Olhares de Rua” (2022), e destacou sua atuação nos jornais A Tarde, Tribuna da Bahia e Correio da Bahia e na produção de documentários e conteúdos voltados para o audiovisual baiano.
Robinson Almeida lembrou, também, a contribuição de Nelson Cadena para a cultura baiana com a criação do Arraiá da Capitá, da Feira Internacional da Agropecuária (Fenagro) e da Travessia Internacional a Nado na Baía de Todos os Santos. “São quase 50 anos de residência e de exaltação da Bahia, com intensa presença e cooperação para o desenvolvimento da sociedade baiana”, reconheceu.
Colombaiano
Além do deputado proponente, os jornalistas Walter Pinheiro, Emiliano José (ex-deputado) e Ernesto Marques também exaltaram a história e a atuação do novo baiano na comunicação e manifestaram regozijo e orgulho pela entrega de honraria ao colega e amigo.
Presidente da ABI, Ernesto Marques comentou sobre os sonhos de infância do “colombaiano”, de ser papa e toureiro, elogiou as inúmeras produções de Nelson, que também é fundador da página de Facebook e Instagram “Segredos e Histórias da Bahia”, atualmente com mais de 12 mil seguidores mais de 270 publicações e reportagens sobre diversos temas, histórias e curiosidades sobre Salvador, e sobre a Bahia.
“Nelson Varón Cadena é um personagem muito conhecido entre todos aqueles que amam a história da cidade, e agora chegou a hora de retribuir tanto amor e trabalho para conservação e divulgação da nossa memória histórica”, afirmou.
Trajetória
Agradecido pelo título e pela presença das pessoas que foram prestigiar o evento, Nelson Cadena lamentou a ausência de três amigos importantes em sua história na Bahia: Arthur Couto, diretor administrativo do Jornal A Tarde; Fernando Carvalho, diretor da Morya (Publivenda), que lhe abriu a porta para várias áreas, especialmente na agropecuária, resultando na criação da Fenagro, Feira Nacional de Agropecuária; e José Linhares, dono da Linhares Outdoor, para quem escreveu o livro sobre os 90 anos da empresa.
Em seguida, relatou o processo de saída da sua terra natal, aos 18 anos, depois de roubar uma câmera rolleiflex do pai, com a intenção de fazer uma reportagem sobre a guerrilha colombiana, para a revista Cronos, o que não aconteceu. Entre a saída de casa, até chegar a Salvador, foi preso numa área da Funai, na Amazonas, e salvo da prisão por saber jogar pôquer, substituindo um dos funcionários do órgão. Viajou clandestinamente, para Brasília, num avião da FAB, de lá, de carona para Minas Gerais e Itabuna.
A chegada a Salvador aconteceu num Dia da Independência, 7 de setembro de 1973, entre o Largo de São Bento e a Rua do Paraíso. À noite, dormiu sob uma amendoeira, na Lagoa do Abaeté, em Itapuã. “Acho que a Bahia me conquistou. A Bahia, me acolheu, desde o primeiro momento. Eu não tinha nenhuma intenção de ficar, a Bahia seria pra mim uma passagem e acabou sendo minha residência definitiva”, afirmou.
Adepto da cultura hippie, foi morar em Arembepe, depois em Berlinque, conheceu vários jornalistas, e foi convidado para escrever no Jornal da Bahia, em seguida, para a Tribuna da Bahia, onde fez várias reportagens especiais, uma delas denunciando o derrubada do mural de Genaro de Carvalho, no Hotel da Bahia.
Da Tribuna, foi para o Jornal A Tarde, no qual fazia matérias especiais encomendadas pelo jornalista Jorge Calmon, que, depois, o contratou para fazer o livro da ABI. “Fiquei seis meses pesquisando, o livro saiu, e eu não fui convidado para o lançamento”, contou.
Sobre o Título de Cidadão Baiano, o jornalista contou que já havia uma proposta aventada pelos também jornalistas Luís Henrique Pontes Tavares e Olívia Soares, “mas eu não queria, não mandei currículo, fui empurrando”, admitiu. Com a mobilização de Roberto Sá Menezes, Ernesto Marques fez a sugestão a Robinson Almeida, a quem conheceu quando era secretário de Comunicação do governo de Jaques Wagner.
“Me apoiou muito, junto com esta Casa, em dois dos meus melhores livros, A história do Carnaval da Bahia – 130 anos do Carnaval de Salvador, e Festas Populares Fé e Folia, que foram parar em universidades do exterior, e continuam sendo requisitados”, relatou.
Quanto ao merecimento da honraria, o novo baiano revelou ter descoberto, recentemente, que não o merece, depois de visitar a Casa da Música, no Comércio – projeto de Antônio Risério e Gringo Cardia – assistir aos vídeos e reconhecer que tinha uma ideia equivocada de que a música baiana é a que aparece na mídia, que sai no Carnaval.
“De repente, descobri que existe uma musicalidade na Bahia que eu não conheço, e me senti diminuído. A música é a alma da Bahia, como é que eu não conheço isso? Pretendo voltar lá, para poder entender um pouco mais os baianos, e fazer jus a esse título”, assegurou.