Alguns animais, você sabe, têm uma habilidade especial: podem hibernar por um punhado de semanas para escapar da escassez de comida no inverno. Os esquilos do Ártico fazem parte deste time e ficam oito meses com a atividade metabólica tão reduzida que sua temperatura corporal pode ficar abaixo de zero.
E tudo bem: o corpo dos esquilos não vai congelar nem sofrer qualquer perda muscular ou de densidade óssea. De vez em quando, durante o período de hibernação, eles vão acordar, comer uma porção das raízes e sementes que reservaram para os meses frios – e voltar à economia de bateria. Quando o tempo melhorar, os roedores voltarão, sãos e salvos, às suas atividades normais.
Parece um superpoder permanecer em stand by durante um período particularmente difícil para a sobrevivência. E é por isso que cientistas da Universidade do Alaska, financiados pela Nasa, estão estudando a hibernação dos esquilos do Ártico. O objetivo? Desenvolver maneiras de induzir a hibernação em futuros viajantes espaciais.
A agência espacial americana planeja que, no futuro, astronautas façam viagens a Marte. O problema é que, devido à distância (54 milhões de quilômetros), os viajantes espaciais ficariam sentados por meses em uma cápsula minúscula, gradualmente definhando por causa das altas doses de radiação e da microgravidade – que causam, por exemplo, perda muscular e de densidade óssea. Pois é: as duas coisas que os esquilos (e outros animais) são capazes de evitar com a hibernação.
A ideia é que, se a Nasa encontrar um jeito de induzir a hibernação nos astronautas por meio de medicamentos, eles poderiam passar uma boa parte da viagem no modo econômico – literalmente, sem precisar de muita comida ou água, e consumindo menos ar dentro da cápsula de viagem. Assim, também estariam protegidos contra os efeitos colaterais das viagens no espaço. (Confira nesta matéria uma lista deles.)
Segundo a Nasa, o estado de hibernação também poderia ajudar outras pessoas – como pacientes que sofrem com ataques cardíacos e derrames. “[Estes] poderiam ser colocados em hibernação induzida por medicamentos para diminuir seu metabolismo até que pudessem ser transportados para um hospital para receber cuidados médicos”, disse a agência em comunicado.