Um artigo publicado na quarta-feira (1º) no periódico científico Journal of Geophysical Research: Planets descreve uma descoberta intrigante feita pelo rover Curiosity, da NASA, em Marte. Em rochas na cratera Gale, local de pouso do veículo explorador robótico, foi detectada uma quantidade surpreendente de óxido de manganês.
Esse é um mineral muito comum em lagos na Terra, que apresenta condições altamente oxidantes, fazendo com que cristais de manganês se formem na presença de oxigênio. Sua descoberta em Marte em grandes quantidades sugere que talvez condições semelhantes persistiram na cratera Gale, quando ela era cheia de água no passado.
“Na Terra, esses tipos de depósitos acontecem o tempo todo por causa do alto oxigênio em nossa atmosfera produzido pela vida fotossintética e por micróbios que ajudam a catalisar essas reações de oxidação de manganês”, explica em um comunicado o geoquímico Patrick Gasda, do Laboratório Nacional de Los Alamos – estabelecimento federal pertencente ao Departamento de Energia dos EUA, gerido pela Universidade da Califórnia.
Manganês em Marte é um mistério
Segundo Gasda, em Marte, não há evidências de vida, e o mecanismo para produzir oxigênio na atmosfera antiga do planeta não é claro, “então como o óxido de manganês foi formado e concentrado lá é realmente intrigante”.
Comum e abundante na Terra, o óxido de manganês é um mineral essencial para vários processos biológicos humanos, mas praticamente toda a vida por aqui requer manganês por uma razão ou outra. Existem até mesmo bactérias que dependem dos estados de oxidação do manganês para obter energia, e sua presença pode acelerar o processo de oxidação.
Não há muito oxigênio na atmosfera de Marte agora, e certamente não encontramos evidências de bactérias vivas, por isso que é intrigante como o manganês passou a existir por lá em rochas sedimentares de depósitos costeiros em quantidades comparáveis a um ambiente semelhante à Terra.