Candidato apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo governo da Bahia, o também petista Jerônimo Rodrigues criticou o rival ACM Neto (União Brasil) por não se posicionar em relação à disputa presidencial. Ainda assim, o ex-secretário estadual de Educação aproveita conforme entrevista concedida ao jornal O Globo, para associar o adversário a Jair Bolsonaro (PL), além de afirmar que o ex-prefeito de Salvador é “jovem na idade”, mas “ultrapassado na política”.
Como ampliar a vantagem do ex-presidente Lula na Bahia e, ao mesmo tempo, atrair para si os votos do eleitor da esquerda que não apostou no petismo no primeiro turno?
O segundo turno é uma nova eleição, na qual temos tempo de rádio e TV iguais. Pretendo usar esse espaço para explorar as nossas propostas e o legado dos mandatos do PT na Bahia. O estado deu 4 milhões de votos a Lula no primeiro turno e temos a missão de aumentar. Tenho fechado alianças e conseguido apoios de prefeitos, ex-prefeitos e deputados. Já temos a garantia da vinda do Lula em pelo menos mais uma ocasião na Bahia. A intenção é fazermos mais uma marcha em Salvador e em municípios estratégicos, como Feira de Santana.
ACM Neto tem o desafio de conquistar votos da direita, mas não parece disposto a declarar alinhamento ao bolsonarismo, possivelmente com medo de perder o eleitor de esquerda e de centro. Como vê essa sinuca de bico do seu adversário?
É um oportunista. No passado, ameaçou dar uma surra no Lula. É um sujeito agressivo o tempo inteiro. Ele tem lado, sim. Os aliados dele sempre indicaram cargos no governo Bolsonaro. Ele fez campanha para Bolsonaro em 2018. A política baiana precisa se ver livre disso. Ele é medroso, não tem coragem de se posicionar e age dessa forma, ficando em cima do muro. Ele mudou de cor. Começou a vida pública branco e, de repente, virou pardo. Esses comportamentos não combinam mais com a política. A Bahia não vai aceitar isso. O primeiro turno fez a população baiana entender a importância da polarização. As pessoas já compreenderam que existem temas que não se resumem ao estado. A fome, o emprego e temas estruturantes têm, sim, que ser nacionalizados.
Nesta campanha, ACM Neto já tentou associar a imagem ao Lula…
Trabalharemos para mostrar essa performance inverídica e mentirosa. Ele não gosta do Lula, mas fica em cima do muro. Um governo federal que faz perversidade com o povo, como o de Bolsonaro, precisa sair do poder. E quem o apoia não pode assumir.
O senhor tem apoios de mais de 300 prefeitos. Alguns apoiavam o bolsonarista João Roma no primeiro turno. Isto não contradiz o discurso de “conveniência política” que usa contra o seu adversário?
Sou um homem de diálogo, tenho origens no movimento popular. Mesmo com a oposição, estabelecerei um canal de republicanismo. Terei o conforto e a segurança de que o Brasil terá um presidente nordestino, que não põe em nós a culpa da derrota. Bolsonaro nunca chamou os governadores para o diálogo. É claro que saberei lidar com a oposição, manterei diálogo. Mas, não trabalho com a hipótese do Lula perder.
A eleição deste ano repete o antagonismo histórico entre o carlismo e o petismo na Bahia. A que o senhor atribui ter passado para o segundo turno na liderança?
O movimento carlista governou a Bahia por 30 anos e não houve um diálogo democrático entre prefeitos, deputados e o governo. ACM Neto é jovem na idade, mas carrega uma marca antiga, um modelo ultrapassado de fazer política. A população percebe isso e consegue fazer os seus comparativos.
O senhor foi secretário de Educação, mas o estado amargou índices ruins no Ideb. Por que a população deve acreditar que com o senhor governando, o estado vai conseguir uma guinada educacional?
Entrei em 2019 na decretaria e em 2020 já estávamos na pandemia. Fizemos ações intensivas no processo de aprendizagem e assistência aos professores. Investimos em novos prédios e reforçamos o ensino integral. Ainda queremos colocar a Bahia em outro lugar em relação aos indicativos de educação e para isso um professor quer governar a Bahia. ACM me acusa de ter sido um mau secretário, sem ter construído uma única maternidade ou creche enquanto era prefeito. Ele nunca sentou numa escola pública.