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domingo 20 de setembro de 2020 às 13:04h

“Não nos livraremos das máscaras tão cedo”, diz criador do 1º teste de coronavírus

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A tão esperada vacina contra o coronavírus não aposentará um item indispensável na pandemia: a máscara. Segundo o virologista alemão Christian Drosten, que criou o primeiro teste de diagnóstico do mundo de Covid-19, o item de proteção permanecerá em uso mesmo após a imunização.

“O inverno não vai ser fácil. Teremos vacinas no ano que vem, mas penso que determinadas parcelas da população só poderão ser vacinadas no fim de 2021. Não nos livraremos das máscaras tão cedo. Pois, mesmo quando for iniciada a vacinação, a maioria da população ainda terá que usá-las. Em países como a Alemanha, onde há poucas infecções, não haverá uma imunidade ampla. Provavelmente também será assim nos demais países da Europa”, afirmou o médico em entrevista à revista DW.

Sobre outro hábito não recomendado na pandemia, o abraço, o virologista pede mais prudência.

“Essa será uma questão muito regional. Portanto, não me surpreenderia se em algumas partes do mundo no próximo ano a população estiver imunizada. Isso significa que ela terá passado por uma epidemia que pode não parecer tão grave por causa de sua estrutura etária. Na África, por exemplo, poderia ser esse o caso. Eu gostaria de ver a população africana protegida por causa de seu perfil etário mais jovem. Em outras partes do mundo, onde a meta é evitar a transmissão generalizada do vírus e esperar pela vacina, podemos contar com o uso de máscaras até o fim de 2021. É impossível fazer previsões precisas, mas no ano que vem ainda estaremos usando máscaras”, projetou.

Na avaliação do especialista, a Alemanha se tornou exemplo no combate ao coronavírus na Europa por ação direta da primeira-ministra Angela Merkel.

“Certamente há uma combinação de várias causas. Uma, sem dúvida, é a ação direta e decisiva da chanceler federal [Angela Merkel] no início da primeira onda. Ultimamente, a coesão dos estados federados enfraqueceu um pouco. Mas o fator decisivo foi com certeza o fato de a Alemanha ter agido muito rapidamente. Isso foi crucial. Não em termos da data do calendário, mas em relação ao momento em que foram impostas as restrições de contato (às vezes chamadas lockdown), considerando a evolução real da epidemia. Assim, sabíamos de nossa epidemia com base em testes de laboratório. Eles e sua ampla disponibilização distingue a Alemanha de outros países”, declarou o médico.

“Outra explicação é que a epidemia começou um pouco mais tarde na Alemanha. Os primeiros casos importados de covid-19 não viraram epidemia já em janeiro, mas só no final de fevereiro. Os primeiros casos importados foram mantidos sob controle, em vez de se alastrarem. Esta é provavelmente a razão da eficiência da nossa abordagem. Após o lockdown, digamos a partir de meados de maio, houve na Alemanha apenas poucos casos, e isso não mudou, apesar de termos agora novamente um ligeiro aumento dos contágios”, completou o virologista.

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