Não faz o menor sentido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ir à posse do presidente americano, Donald Trump, com ares de representante oficial do Brasil, opinou o colunista Josias de Souza no UOL News, do Canal UOL, nesta segunda-feira (13).
O Bolsonaro é hoje um ex-presidente da República indiciado pela Polícia Federal, por crimes variados. O mais grave deles é a tentativa de golpe. Não faz o menor nexo, nem institucional nem judicial, que ele vá à posse nos Estados Unidos com ares de representante do Brasil. [O pedido então] Deveria ser negado.
Josias de Souza, colunista do UOL
No último sábado (11), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) mandou o ex-chefe do Executivo mostrar o “convite oficial” que teria recebido para a posse de Trump. Moraes apontou que Bolsonaro apresentou, como convite que recebeu de Trump, um e-mail enviado para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por um endereço não identificado.
Do ponto de vista institucional, não faz nexo, porque ele não representa o Brasil. O Brasil será representado pela embaixada que fica em Washington, como é de praxe. Uma representação do Brasil já está assegurada.
Não é improvável um convite do Trump ao Bolsonaro. Agora, a defesa no Supremo alega que esse ‘evento de magnitude histórica’ que tem uma importância capital para o diálogo entre líderes globais e seria importante para as relações bilaterais. Isso é uma farofa sem sentido. O Bolsonaro não representa o Brasil para falar sobre relações bilaterais.
Josias de Souza, colunista do UOL
Autorização para deixar o Brasil
Para viajar aos EUA neste mês, Bolsonaro precisa que Moraes libere seu passaporte. O documento está retido desde fevereiro do ano passado, quando a PF o apreendeu no âmbito de uma investigação sobre tentativa de golpe de Estado.
Segundo o ministro do STF, é preciso uma complementação probatória por parte da defesa. Moraes afirmou que, “após a necessária complementação”, a PGR (Procuradoria-Geral da República) deve se manifestar sobre o pedido feito por Bolsonaro.
Tales Faria: Duelo mais difícil com Zuckerberg
No UOL News, o colunista Tales Faria afirmou que as instituições brasileiras terão um duelo mais complicado contra Mark Zuckerberg, CEO da Meta, do que o visto contra Elon Musk, dono do X (antigo Twitter).
Termina hoje o prazo dado pela AGU (Advocacia Geral da União) para a Meta explicar as mudanças na nova política de moderação de conteúdo da empresa, anunciadas por Zuckerberg na semana passada.
Não é difícil para a Meta se sair dessa. Uma resposta possível é que essas medidas não valerão no Brasil por enquanto e vamos estudar. Seria simples. Realmente é um teste, porque ela pode simplesmente ignorar e demonstrar que está pouco ligando para o país.
Uma eventual briga com a Meta será muito mais difícil do que foi contra o X. O Judiciário bateu de frente com Musk, que tentou ignorar e mostrar que não estava nem aí para a Justiça brasileira. [O ministro do STF] Alexandre de Moraes foi nas empresas paralelas, como aquela de satélites [Starlink], que é financeiramente muito mais importante para ele do que o Twitter. Quando começaram a morder as empresas que lhe davam dinheiro, ele recuou.
Por um lado, é uma fragilidade da Meta as redes sociais serem seu principal negócio. Por outro, são empresas muito mais poderosas nesse setor do que o Twitter. Tirar do ar as empresas do Zuckerberg significa tirar Facebook, Instagram e WhatsApp. Isso será um problema para o Brasil e para as empresas daqui. É uma luta muito mais complicada.
Tales Faria, colunista do UOL