“Não estou tendo sucesso na busca por uma recolocação no mercado de trabalho. Em agosto de 2018, fiquei desempregada. Decidi, então, não ir procurar trabalho para terminar minha faculdade. Após muitas dificuldades, no segundo semestre de 2019, concluí minha graduação no curso “Comunicação Social – habilitação em Jornalismo”. Pensei: 2020 teria a mudança positiva tão desejada e sonhada na vida. Afinal, com diploma na mão e algumas experiências no mercado de trabalho, ficaria bem mais fácil conseguir um bom trabalho. Não foi o que ocorreu. Penso que um dos pontos negativos seja não ter feito estágio na área (porque tenho um filho pequeno), além de também não ter contatos. Hoje, mesmo me candidatando a vagas que exigem apenas escolaridade média não me chamam. Isso porque já fui cobradora de ônibus, auxiliar de planejamento, supervisora de produção, telefonista e auxiliar de escritório. Pode me dar um norte para eu me recolocar no mercado, Sofia? Agradeço pela atenção.”
Quando alguém quer fazer uma mudança de carreira, é importante não só olhar para frente, para o futuro que deseja, mas para trás, em busca das experiências passadas que podem ajudar nessa nova jornada. Avalie quais habilidades foram desenvolvidas nos antigos trabalhos que podem apoiar seus próximos passos, quais competências técnicas e comportamentais adquiridas são importantes para o seu amanhã, e até quais contatos feitos em outros empregos podem ajudá-la neste momento.
Na prática, você deve entender o que no seu passado tem um peso importante para a construção do seu futuro — e traduzir todo esse processo de autoconhecimento no seu currículo.
Isso porque o currículo não precisa conter necessariamente todas as nossas experiências profissionais, mas aquelas que vão nos ajudar a chegar onde desejamos. Revise esse documento, cheque se o seu perfil no LinkedIn corresponde com a imagem que você quer passar e faça ajustes que julgar necessário.
Lembre-se de que, muitas vezes, o CV será o primeiro meio pelo qual uma pessoa irá conhecer a sua história. Então, use sua habilidade em comunicação para contar, por meio do currículo, o que da sua trajetória a torna uma profissional de destaque na área na qual quer trabalhar.
Caso sinta dificuldade nessa “investigação”, procure pessoas próximas dispostas a dar feedbacks sinceros para você. Pergunte quais pontos fortes podem ajudar na nova empreitada e quais pontos de melhoria devem ser priorizados para aumentar suas chances na nova carreira.
Feito isso, procure não só vagas fixas em grupos de comunicação, mas oportunidades como freelancer. Neste meio profissional, é muito comum as pessoas ganharem experiência e ampliarem a sua rede de contato por meio desses trabalhos temporários. Essa pode ser uma via importante para que você se torne mais experiente de maneira rápida.
Nas redes sociais, existem grupos e páginas que divulgam oportunidades como freelancers de conteúdo. Então, inclua esses endereços no seu radar e aproveite o espaço para se conectar com outras pessoas que atuam na área.
A abordagem offline também pode ter um papel importante nessa missão. Participar de eventos da área, de palestras e de congressos faz com que o nosso networking se expanda — e que as oportunidades no mercado também.
Por último, lembre-se de que alguém que se forma em Jornalismo não precisa necessariamente trabalhar dentro de uma redação de jornal, revista, site, rádio ou televisão. Essa graduação é muito versátil e pode abrir portas no mercado livreiro, na área de comunicação interna, no marketing de conteúdo e por aí vai.
Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do conselho do grupo Cia de Talentos.