Na reta final da eleição, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificou a estratégia de segmentar anúncios digitais para públicos específicos. Estão sendo priorizados públicos nos quais Bolsonaro enfrenta maior rejeição, como mulheres, nordestinos e jovens. As peças publicitárias direcionadas a esse público focam em medidas do governo e não tem ataques ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas eleitorais.
A estratégia digital ocorre segundo a coluna Sonar, principalmente no Google (dono do Youtube), onde a campanha de Bolsonaro gastou mais recursos com impulsionamento, mas também tem sido feita na Meta (controladora do Facebook e do Instagram).
De acordo com pesquisa do Ipec divulgada na segunda-feira, o percentual de eleitores que não votariam “de jeito nenhum” em Bolsonaro é de 61% no Nordeste, de 56% entre quem entre 16 e 24 anos e de 54% entre mulheres.
No Google, a campanha de Bolsonaro já gastou R$ 2,7 milhões, sendo que R$ 497 mil foram gastos na última semana. A maior parte foi investida em vídeos para o Youtube.
Nos últimos dias, foram direcionados apenas para moradores dos nove estados do Nordeste duas peças: uma que trata da transposição do Rio São Francisco e outra de saneamento básico.
Outros dois vídeos, sobre o Auxílio Brasil de R$ 600, foram direcionados para sete estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte), quatro estados do Norte (Acre, Amapá, Amazonas e Pará) e um do Centro-Oeste (Goiás).
Para mulheres, foram impulsionadas duas peças: uma que trata sobre a entrega de títulos de propriedade e outra sobre doenças raras, tema de interesse da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Um vídeo sobre a renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) foi destinado a quem tem entre 16 e 44 anos. De acordo com o Ipec, a rejeição do presidente também é grande entre quem tem de 35 a 44 anos (54%).
Na Meta, o investimento foi menor, mas tem aumentado: já foram gastos R$ 239 mil, sendo R$ 158 mil na última semana. Alguns vídeos utilizados no Youtube foram repetidos no Facebook e no Instagram, como a peça que trata sobre títulos de propriedade e que foi visualizado apenas por mulheres.