Na Bahia, no 4º trimestre de 2022, 83 mil pessoas de 14 anos ou mais de idade trabalhavam por meio de plataformas digitais de serviços (aplicativos) ou conseguiam clientes e realizavam vendas por meio de plataformas de comércio eletrônico no trabalho principal. Elas representavam 1,6% de todos os 5,213 milhões de trabalhadores do setor privado no estado.
Desses 83 mil trabalhadores “plataformizados”, 57 mil atuavam em aplicativos de serviço (transporte de passageiros e objetos, entregas, entre outros), representando 1,1% de todas as pessoas ocupadas no setor privado, na Bahia.
O estado tinha o 6º maior contingente de trabalhadores no setor privado em geral (5,123 milhões) e também ficava nessa posição em relação ao número absoluto de trabalhadores por aplicativo de serviços (57 mil). Entretanto, a proporção destes no total de pessoas ocupadas no setor privado (1,1%), na Bahia, era apenas a 18ª entre as 27 unidades da Federação – isto é, a 10ª mais baixa do país.
No Brasil, no 4º trimestre de 2022, 2,117 milhões de pessoas atuavam profissionalmente por meio de plataformas digitais de serviços ou comércio eletrônico no trabalho principal – o que representava 2,4% de todos os ocupados no setor privado no país. Desses, 1,490 milhão, ou 1,7% do total de trabalhadores do setor privado, trabalhavam por meio de aplicativos de serviços.
Os trabalhadores por aplicativo eram mais representativos no Rio de Janeiro (3,3% da população ocupada no setor privado), no Distrito Federal (2,3%) e em Alagoas (2,3%); e não chegavam nem a 1,0% do total de ocupados em Tocantins (0,7%), Maranhão (0,8%), Acre (0,9%), Piauí (0,9%) e Santa Catarina (0,9%).
Percentual de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais de serviços no trabalho principal (%) -UF
6 em cada 10 trabalhadores por aplicativo da Bahia atuavam na Região Metropolitana de Salvador
Na Bahia, 6 em cada 10 pessoas que atuavam profissionalmente em aplicativos digitais de serviços, no trabalho principal, estavam na Região Metropolitana de Salvador, que inclui a capital e mais 12 municípios, onde se encontravam 36 mil dos 57 mil trabalhadores por aplicativo do estado (63,2% do total).
Além de se mostrar um fenômeno com importante concentração metropolitana, o trabalho por aplicativo também era mais representativo na RM Salvador do que na Bahia em geral. Na região metropolitana da capital, as 36 mil pessoas que trabalhavam em plataformas digitais de serviços representavam 2,2% de todos os 1,627 milhão de trabalhadores do setor privado.
Ainda assim, dentre as 21 regiões metropolitanas investigadas separadamente no país, a RM Salvador tinha apenas a 14a proporção de trabalhadores por aplicativo no total da população ocupada no setor privado, ou a 8a menor.
As regiões metropolitanas do Rio de Janeiro/RJ (4,0%), Vale do Rio Cuiabá/MT (3,8%) e Maceió/AL (3,7%) apresentavam as maiores participações, enquanto a Grande Vitória/ES (1,7%) e as RMs de Natal/RN (1,8%) e Goiânia/GO (1,9%) eram as únicas onde essa proporção não chegava a 2,0%.
Na Bahia, profissionais por aplicativo têm o menor rendimento médio do país, trabalham 19,3% mais e ganham, por hora, 2,4% menos do que a média
Em 2022, os trabalhadores por aplicativo na Bahia tinham o menor rendimento médio do país e, embora ganhassem por mês mais do que a média do setor privado, tinham uma jornada profissional semanal tão maior, que o rendimento recebido por hora de trabalho deles ficava abaixo do registrado para a população ocupada em geral.
No 4º trimestre do ano passado, enquanto o rendimento médio mensal real das pessoas ocupadas no setor privado, na Bahia, era de R$ 1.477 (o 3o mais baixo entre os estados), as pessoas que trabalhavam por aplicativo de serviços ganhavam, em média, R$ 1.719 por mês – um valor 16,4% maior, mas o mais baixo do país.
No Brasil como um todo, o rendimento médio mensal do setor privado era R$ 2.513, enquanto as pessoas que trabalhavam por aplicativo ganhavam 5,3% a mais: R$ 2.645. Os maiores rendimentos médios mensais para trabalhadores por aplicativo estavam em Mato Grosso do Sul (R$ 5.155, 83,4% acima da média do setor privado no estado, a maior diferença do país), Tocantins (R$ 3.741, 77,0% acima da média, 2a maior diferença do país) e Paraná (R$ 3.602, 28,5% acima da média).
Em 8 das 27 unidades da Federação, os trabalhadores por aplicativo ganhavam menos do que a média do setor privado. As diferenças para baixo eram mais representativas no Rio de Janeiro, onde quem trabalhava por aplicativo ganhava R$ 2.559, 11,8% menos do que a média, São Paulo (R$ 2.907, -10,3%) e Roraima (R$ 1.829, -9,4%).
A tabela a seguir está ordenada da maior para a menor diferença percentual entre o rendimento mensal dos trabalhadores por aplicativo e a média geral.
Se em 19 dos 27 estados, os trabalhadores por aplicativo tinham rendimento mensal maior, em todos eles esses profissionais trabalhavam mais horas por semana do que a média. Na Bahia, quem trabalhava por aplicativo tinha uma jornada média semanal de 44,6 horas, pouco mais de 7 horas ou 19,3% maior do que a jornada dos profissionais do setor privado em geral, que era de 37,4 horas.
E a Bahia tinha apenas a 11a maior diferença, num ranking liderado por Ceará (onde os trabalhadores por aplicativo tinham jornada semanal de 46,3 horas, 25,5% maior do que a média do setor privado), Pará (46,6 horas, 24,9% maior) e Rio Grande do Sul (50,8 horas, a maior jornada do país, 24,8% acima da média do setor privado).
No Brasil como um todo, os trabalhadores por aplicativo tinham uma jornada média de 46,0 horas por semana, 6,4 horas ou 16,2% maior do que a média do setor privado, que era de 39,6 horas de trabalho por semana.
Assim, com um rendimento 16,4% maior, mas com uma jornada profissional semanal 19,3% acima da média, o rendimento por hora dos trabalhadores por aplicativo na Bahia ficava 2,4% abaixo do recebido pelos profissionais do setor privado em geral: R$ 9,6/hora frente a uma média geral de R$ 9,9/hora.
No Brasil como um todo, o rendimento/hora dos trabalhadores por aplicativo era 9,4% menor do que a média do setor privado: R$ 14,4/hora frente a R$ 15,9/hora. Essa era a situação de 14 dos 27 estados. As diferenças para menos mais significativas estavam em Roraima (-26,6%), São Paulo (-22,4%) e Rio de Janeiro (-21,2%). A Bahia ficava com a 13a posição.
Por outro lado, dentre os estados em que os trabalhadores por aplicativo ganhavam mais do que a média, por hora de trabalho, as maiores diferenças para cima estavam em Mato Grosso do Sul (+77,3%), Tocantins (+64,2%) e Rondônia (+37,6%).
Na BA, em 2022, 430 mil pessoas trabalharam remotamente (7,3% do total de ocupados), 319 mil delas em teletrabalho, sendo 298 mil na própria casa
Em 2022, na Bahia, 430 mil pessoas de 14 anos ou mais de idade realizaram algum tipo de trabalho remoto (fora do local habitual), o que representou 7,3% de todos os trabalhadores do estado (inclusive do setor público).
Do total que trabalhou remotamente, 319 mil pessoas fizeram teletrabalho, ou seja, usaram equipamentos de tecnologia da informação, como computadores, tablets e telefones fixos ou celulares, no trabalho remoto. Esse grupo de teletrabalhadores representou 5,4% de toda a população ocupada na Bahia, em 2022, e 7 em cada 10 das pessoas que realizaram trabalho remoto (74,2% dos 430 mil).
Já dentre 319 mil pessoas que realizaram teletrabalho, 9 em cada 10 fizeram isso no próprio domicílio. Isto é, em 2022, 298 mil pessoas na Bahia realizaram teletrabalho em casa – o que representou 5,1% de todos os ocupados no estado.
A participação do teletrabalho na Bahia era menor do que no Brasil como um todo. Nacionalmente, em 2022, 9,5 milhões de pessoas (9,8% do total de ocupados) trabalharam remotamente; 7,4 milhões dentre elas em teletrabalho (7,7% do total), das quais 7,0 milhões na própria casa (7,3% de todos os trabalhadores do país).
Dentre os estados, a Bahia tinha o 4º maior número total de trabalhadores (5,9 milhões), mas o 6º maior número de trabalhadores remotos (430 mil) e de pessoas que realizaram teletrabalho (319 mil). Em termos proporcionais, o estado tinha apenas a 17ª maior participação de trabalhadores atuando remotamente (7,3%) e a 13ª maior percentagem de teletrabalhadores no total de pessoas ocupadas.
As maiores proporções de pessoas em teletrabalho no total de ocupados estavam no Distrito Federal (16,7%), em São Paulo (11,6%) e no Rio de Janeiro (10,2%); as menores em Roraima (3,2%), Amapá (3,4%) e Tocantins (3,5%).
Percentual de pessoas ocupadas que realizaram teletrabalho (%) – UF
Na Bahia, quem realiza teletrabalho trabalha cerca de 1 hora a mais por semana, mas ganha quase 2,5 vezes o salário médio dos ocupados
Em 2022, na Bahia, os profissionais que realizaram teletrabalho tiveram uma jornada semanal um pouco maior do que a de todas as pessoas ocupadas. Em contrapartida, receberam um rendimento significativamente superior, de mais do que o dobro (2,4 vezes) da média de todos os trabalhadores, inclusive por hora trabalhada.
A jornada semanal dos teletrabalhadores baianos foi de 38,1 horas, frente a 37,3 horas da população ocupada em geral, no estado, ou seja 0,8 hora ou 2,1% maior. Quem realizou teletrabalho também tinha jornada semanal maior que a média no Brasil como um todo e em 12 das 27 unidades da Federação.
No país, quem realizava teletrabalho tinha uma jornada de 39,7 horas semanais, frente a 39,3 horas da população ocupada em geral (+0,4 hora ou +1,0%). As maiores diferenças para cima, em termos absolutos e percentuais, estavam no Piauí (+2,7 horas ou +7,8%), Amazonas (+1,2 hora ou +3,2%) e Pará (+1,1 hora ou +3,0%). A Bahia tinha a 5ª maior diferença absoluta (+0,8h) e a 6ª em termos relativos (+2,1%).
Em contrapartida, quem realizava teletrabalho tinha um rendimento real mensal muito superior ao dos ocupados em geral. Na Bahia, em 2022, os teletrabalhadores ganhavam R$ 4.201. Embora fosse o 2º rendimento mais baixo do país, só acima do Maranhão (R$ 3.843), equivalia a 2,4 vezes (142,7%) o valor recebido pela população ocupada em geral (R$ 1.731).
No Brasil como um todo, quem realizava teletrabalho tinha rendimento médio mensal de R$ 6.479, também equivalente a 2,4 vezes (+138,7%) o da média dos ocupados em geral (R$ 2.714). Os teletrabalhadores ganhavam mais em todos os 27 estados, e as maiores diferenças estavam no Piauí (3,3 vezes a média ou +231,0%), na Paraíba (3,2 vezes ou +220,0%) e no Pará (2,9 vezes ou +192,7%).
O maior rendimento médio dos teletrabalhadores não é uma consequência do teletrabalho em si, mas do perfil predominante das pessoas atuando nessa modalidade, em razão de fatores como ocupações relacionadas a maior nível de escolaridade; empresas em atividades que pagam mais; necessidade de haver estrutura para o teletrabalho no próprio domicílio, entre outros.