O Centro de Prevenção e Controle de Doenças Europeu (ECDC), ligado à União Europeia (UE), anunciou nesta quinta-feira (21) conforme o jornal O Globo que as mutações do novo coronavírus encontradas no Brasil, Reino Unido e na África do Sul representam um “alto risco” para a Europa em razão de sua maior transmissibilidade em relação às demais linhagens do patógeno. Trata-se da declaração mais contundente das autoridades europeias desde que a mutação britânica se tornou prevalente em áreas da Inglaterra, em dezembro.
“Baseado nas novas informações, o risco associado à introdução e à transmissão comunitária destas variantes preocupantes foi alterado para alto/muito alto”, disse o ECDC em um comunicado.
As variantes, que contêm mutações-chaves na proteína S do Sars-CoV-2, que infecta as células humanas para se replicar, já sforam detectadas em vários países da Europa, segundo o órgão.
“Nós estamos observando as situações epidemiológicas se deteriorando em áreas onde as variantes do Sars-CoV-2 se tornaram presentes”, afirmou Andrea Ammon, diretor do ECDC, em um comunicado. “Um número crescente de infecções levarão a um aumento de hospitalizações e taxas de óbitos ao longo de todas as faixas etárias”.
Na avaliação do centro, os países-membros da UE “devem se preparar para uma futura escalada na demanda nos sistemas de saúde”.
O Reino Unido vetou a entrada de viajantes com origem no Brasil e outros países da América Latina, além de Portugal, e alguns países da UE consideram adotar medidas similares. O ECDC recomendou que apenas viagens essenciais sejam mantidas e urgiu para que governos europeus acelerem a campanha de vacinação para os grupos de alto risco.
A mutação britânica, denominada N501Y, pode tornar o vírus mais transmissível, levar a reinfecções e ainda prejudicar a eficácia das vacinas, segundo estudos preliminares.
Já a brasileira, chamada E484, foi identificada no Rio de Janeiro e em variantes em Manaus, como a identificada em japoneses que estiveram no Amazonas. Ela altera o RDB, o ponto da proteína S em que o Sars-CoV-2 se liga às células humanas.
Na última quarta-feira, especialistas de três universidades sul-africanas ligados ao Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD) publicaram um estudo no repositório bioRxiv que alerta para a possibilidade da variante sul-africana do Sars-CoV-2 evitar a ação de anticorpos que a atacam em tratamentos com plasma sanguíneo de pacientes previamente recuperados e reduzir a eficácia da atual linha de vacinas.
Os pesquisadores agora tentam definir se as vacinas que estão sendo lançadas em todo o mundo são eficazes contra a chamada variante 501Y.V2. Estima-se que a 501Y.V2 seja 50% mais infecciosa do que as anteriores. Ela já foi identificada em pelo menos 20 países desde que foi relatado à Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de dezembro.
A variante sul-africana é tida como o principal gatilho da segunda onda de infecções por Covid-19 na África do Sul, que atingiu um pico diário acima de 21 mil novos casos em 24 horas no início deste mês, muito acima da primeira onda.